A LIBERDADE DE MORRER À FOME - I
Os crentes e os sacerdotes do neo-liberalismo fazem a apologética da
extinção das ideologias como se estas desaparecessem por vontade e decreto dos deuses
Os fieis desta religião,que só beneficia
uns poucos, defendem a teoria dogmatizante da construção de sociedades onde impera a lei da selva.
O Estado em nome da "pureza" democrática não deve intervir na economia!
Os governantes, ou melhor, os gestores-delegados do Poder
económico,assumem zelosamente o papel de defensores do sistema. Refugiam-se na exaltação dos valores da democracia sem perceberem muito bem de que estão a falar.
Detentores duma poderosíssima máquina de marketing, manipulam o espaço social a seu belo prazer.Anestesiam e amordaçam tudo e todos.
Com palavrinhas mansas adormecem muitas das suas vítimas.Alteram as regras em nome da competitividade e do bem-estar crescente das oligarquias.
Manipulam o mercado de trabalho,atraem as presas,sugam-nas
e "abatem-nas ao activo". O direito ao trabalho converte-se,assim, numa benesse do Poder
O movimento sindical é rotulado de moço de recados dos partidos e condenado à fogueira do santo oficio das Oligarquias politicas e financeiras.
Falam de democracia e liberdade sem pudor. Apropriam-se
e recuperam ilegitimamente as críticas que lhes são dirigidas. Assobiam para o lado e convidam os trabalhadores a desfrutarem da liberdade de morrer à fome. Sim, numa verdadeira democracia é-nos reconhecido esse direito!
É a instabilidade do emprego convertida em regra no quadro das sociedades ditas de informação
É a hierarquização da liberdade social,politica e económica.
É a liberdade dos ricos e a liberdade dos pobres.A liberdade dos governantes e a dos governados.A dos trabalhadores e a dos patrões.Dos íntegros e dos canalhas.Dos bufos e das suas vítimas.
A liberdade e a democracia, conceitos recuperados e manipulados pelo Poder servem-se em bandejas eleitorais para inglês ver e americano comprar. São uma mistificação grosseira, uma espécie de droga a distribuir pela rapaziada incauta
Por força de tudo isto,o conformismo já se instalou (ou reinstalou?)na sociedade portuguesa.Apresenta-se como um vírus que ataca todo o tecido social.As metástases proliferam a um ritmo preocupante.A terapia politico-social é , no actual contexto, manifestamente ineficaz. As contra-indicações são mais que muitas. Os efeitos secundários são o desemprego, a fome,a instabilidade social, a marginalidade, a insegurança de toda a ordem.
Que fazer? Miguel Torga diria:
o Homem, quando perde a capacidade de indignação, perde a própria razão de ser”.
Segundo Torga, as democracias reinantes, “que deviam nivelar os homens por cima, nivelaram-nos ao rés-do-chão”. “No seu critério, “somos nominais suportes do seu poder e é como cidadãos conscientes que queremos viver a dizer que não na hora de todas as subserviências e a ser verdadeiros na hora de todas as mentiras”.
“Nós somos essas vozes que até hoje clamaram no deserto, mas chegou a hora de nos fazermos ouvir, doa a quem doer, não como profetas fanáticos que são tiranos potenciais, mas como simples humanos que só querem o poder pleno da nossa condição”
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