Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

sábado, 11 de agosto de 2007

A LIBERDADE DE MORRER À FOME - I


Os crentes e os sacerdotes do neo-liberalismo fazem a apologética da
extinção das ideologias como se estas desaparecessem por vontade e decreto dos deuses
Os fieis desta religião,que só beneficia
uns poucos, defendem a teoria dogmatizante da construção de sociedades onde impera a lei da selva.
O Estado em nome da "pureza" democrática não deve intervir na economia!
Os governantes, ou melhor, os gestores-delegados do Poder
económico,assumem zelosamente o papel de defensores do sistema. Refugiam-se na exaltação dos valores da democracia sem perceberem muito bem de que estão a falar.
Detentores duma poderosíssima máquina de marketing, manipulam o espaço social a seu belo prazer.Anestesiam e amordaçam tudo e todos.
Com palavrinhas mansas adormecem muitas das suas vítimas.Alteram as regras em nome da competitividade e do bem-estar crescente das oligarquias.
Manipulam o mercado de trabalho,atraem as presas,sugam-nas
e "abatem-nas ao activo". O direito ao trabalho converte-se,assim, numa benesse do Poder
O movimento sindical é rotulado de moço de recados dos partidos e condenado à fogueira do santo oficio das Oligarquias politicas e financeiras.
Falam de democracia e liberdade sem pudor. Apropriam-se
e recuperam ilegitimamente as críticas que lhes são dirigidas. Assobiam para o lado e convidam os trabalhadores a desfrutarem da liberdade de morrer à fome. Sim, numa verdadeira democracia é-nos reconhecido esse direito!
É a instabilidade do emprego convertida em regra no quadro das sociedades ditas de informação
É a hierarquização da liberdade social,politica e económica.
É a liberdade dos ricos e a liberdade dos pobres.A liberdade dos governantes e a dos governados.A dos trabalhadores e a dos patrões.Dos íntegros e dos canalhas.Dos bufos e das suas vítimas.
A liberdade e a democracia, conceitos recuperados e manipulados pelo Poder servem-se em bandejas eleitorais para inglês ver e americano comprar. São uma mistificação grosseira, uma espécie de droga a distribuir pela rapaziada incauta
Por força de tudo isto,o conformismo já se instalou (ou reinstalou?)na sociedade portuguesa.Apresenta-se como um vírus que ataca todo o tecido social.As metástases proliferam a um ritmo preocupante.A terapia politico-social é , no actual contexto, manifestamente ineficaz. As contra-indicações são mais que muitas. Os efeitos secundários são o desemprego, a fome,a instabilidade social, a marginalidade, a insegurança de toda a ordem.

Que fazer? Miguel Torga diria:

o Homem, quando perde a capacidade de indignação, perde a própria razão de ser”.
Segundo Torga, as democracias reinantes, “que deviam nivelar os homens por cima, nivelaram-nos ao rés-do-chão”. “No seu critério, “somos nominais suportes do seu poder e é como cidadãos conscientes que queremos viver a dizer que não na hora de todas as subserviências e a ser verdadeiros na hora de todas as mentiras”.
“Nós somos essas vozes que até hoje clamaram no deserto, mas chegou a hora de nos fazermos ouvir, doa a quem doer, não como profetas fanáticos que são tiranos potenciais, mas como simples humanos que só querem o poder pleno da nossa condição”

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