IDEOLOGIA DO CONSENSO (13)
A ideia de
que não existe alternativa à austeridade, e aos memorandos de entendimento, com
os agiotas internacionais bem como à cruel transferência de riqueza dos pobres
e da classe média para os ricos e os privilegiados,
é ferozmente difundida pelos média dominantes.
A propósito
dos “comentadores de serviço” e de um certo jornalismo ancorado numa demagogia subserviente, recordo Paul Nizan : “encenadores da realidade social e política,
interna e externa, deformam-na continuamente. Servem os interesses dos senhores
do mundo. São os novos cães de guarda”.
O direito à luta, à
indignação, à greve e à
manifestação é cinicamente reconhecido pelo Poder para, logo a seguir,
recordarem que este é o momento de todos ajudarem o país a sair da crise! Nesta
cruzada também estão presentes os novos cães de guarda.
Procuram seduzir as vítimas a desculpabilizarem os seus carrascos e
abandonar a luta. Quem não se recorda da visita de Passos Coelho à Sicasal que por “mera coincidência”
aconteceu no momento duma greve geral? Num tom grandiloquente reconheceu o
direito à greve para, logo de seguida, reafirmar o cliché “este é o momento de
produzirmos, de ajudarmos o país a vencer as dificuldades”. De quem? Dos
banqueiros?
Como diz
Mészáros, a necessária função aglutinadora da ideologia dominante se torna
tanto mais evidente (e significativa) se nos lembrarmos de que mesmo suas
variantes mais agressivas - do chauvinismo ao nazismo e às mais recentes
ideologias da direita radical – devem reivindicar a representação da maioria
esmagadora da população contra o “inimigo” , bando de agitadores que,
supostamente, são a causa de greves, inquietação social e assim por diante.
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