Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

NOTÍCIAS SEM PESSOAS LÁ DENTRO


É um privilégio, para o autor deste Blog, dispor de luz verde de B. Bastos para fazer postagens das suas crónicas.Obrigado.
A propósito das omissões e dos silêncios cúmplices da Imprensa Portuguesa, B.Bastos escreve hoje no JN:
"Os jornais nacionais costumam atribuir profusa importância a Cuba e à Venezuela, a Fidel, moribundo ou não, e a Hugo Chavez ditador inclemente ou assim-assim, conforme o redactor; um pouco a Evo Morales e à Bolívia, e, às vezes, a Lula da Silva. Porém, nada nos dizem acerca das profundas alterações sociais registadas naqueles países. Nem o que acontece em outras nações latino-americanas, onde a liberdade de Imprensa é um mito, várias televisões foram encerradas, o poder das oligarquias absoluto, a subserviência às multinacionais permite a ascensão aos governos de uma casta congenitamente corrupta; onde a fome e a miséria converteram-se em banalidades, o etnocídio num desporto requintado e os recalcitrantes assassinados.
A Imprensa portuguesa começa a ser uma metáfora elementar e inveterada do que ocorre no mundo – e no País. “Já ninguém faz notícias sobre essas pessoas”, escreve Helena Matos. Sobre “essas” e sobre “outras”. A omissão é a forma mais abjecta da mentira. Camus, grande jornalista (convém não esquecer), e grande jornalista do compromisso, ou por isso mesmo, avisava que os processos de enganar, manipular, dissimular uma verdade comum à sociedade, através da Imprensa, exigia “um estado de vigilância obsessivo”. O princípio consiste no imperativo de se denunciar o que nas sociedades são “corpos sem alma” [Merleau-Ponty], e o que nos homens é a ausência de consciência moral.
A pulsão entre quem escreve e quem lê está gangrenada. Não se define uma verdade através de uma falsa convicção. O sentido da complexidade das coisas exige que se percorra um caminho no qual a humildade ideológica tem a ver com a grandeza do projecto. Creio bem que essas virtudes estão ausentes da Imprensa em Portugal."
Veja o texto na íntegra

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