NOTÍCIAS SEM PESSOAS LÁ DENTRO
É um privilégio, para o autor deste Blog, dispor de luz verde de B. Bastos para fazer postagens das suas crónicas.Obrigado.
A propósito das omissões e dos silêncios cúmplices da Imprensa Portuguesa, B.Bastos escreve hoje no JN:
"Os jornais nacionais costumam atribuir profusa importância a Cuba e à Venezuela, a Fidel, moribundo ou não, e a Hugo Chavez ditador inclemente ou assim-assim, conforme o redactor; um pouco a Evo Morales e à Bolívia, e, às vezes, a Lula da Silva. Porém, nada nos dizem acerca das profundas alterações sociais registadas naqueles países. Nem o que acontece em outras nações latino-americanas, onde a liberdade de Imprensa é um mito, várias televisões foram encerradas, o poder das oligarquias absoluto, a subserviência às multinacionais permite a ascensão aos governos de uma casta congenitamente corrupta; onde a fome e a miséria converteram-se em banalidades, o etnocídio num desporto requintado e os recalcitrantes assassinados.
A Imprensa portuguesa começa a ser uma metáfora elementar e inveterada do que ocorre no mundo – e no País. “Já ninguém faz notícias sobre essas pessoas”, escreve Helena Matos. Sobre “essas” e sobre “outras”. A omissão é a forma mais abjecta da mentira. Camus, grande jornalista (convém não esquecer), e grande jornalista do compromisso, ou por isso mesmo, avisava que os processos de enganar, manipular, dissimular uma verdade comum à sociedade, através da Imprensa, exigia “um estado de vigilância obsessivo”. O princípio consiste no imperativo de se denunciar o que nas sociedades são “corpos sem alma” [Merleau-Ponty], e o que nos homens é a ausência de consciência moral.
A pulsão entre quem escreve e quem lê está gangrenada. Não se define uma verdade através de uma falsa convicção. O sentido da complexidade das coisas exige que se percorra um caminho no qual a humildade ideológica tem a ver com a grandeza do projecto. Creio bem que essas virtudes estão ausentes da Imprensa em Portugal." Veja o texto na íntegra
A Imprensa portuguesa começa a ser uma metáfora elementar e inveterada do que ocorre no mundo – e no País. “Já ninguém faz notícias sobre essas pessoas”, escreve Helena Matos. Sobre “essas” e sobre “outras”. A omissão é a forma mais abjecta da mentira. Camus, grande jornalista (convém não esquecer), e grande jornalista do compromisso, ou por isso mesmo, avisava que os processos de enganar, manipular, dissimular uma verdade comum à sociedade, através da Imprensa, exigia “um estado de vigilância obsessivo”. O princípio consiste no imperativo de se denunciar o que nas sociedades são “corpos sem alma” [Merleau-Ponty], e o que nos homens é a ausência de consciência moral.
A pulsão entre quem escreve e quem lê está gangrenada. Não se define uma verdade através de uma falsa convicção. O sentido da complexidade das coisas exige que se percorra um caminho no qual a humildade ideológica tem a ver com a grandeza do projecto. Creio bem que essas virtudes estão ausentes da Imprensa em Portugal." Veja o texto na íntegra
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