Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

terça-feira, 20 de novembro de 2007

EM CONVERSA COM O AUTOR DO BLOG ALTO HAMA

Com base numa iniciativa de Kontrastes (João ferreira Dias- http://o-Kontrastes.blogspot.com/) decidi avançar e fazer uma espécie de blog-reportagens. A ideia é restringir estas entrevistas a blogers situados no mundo que fala português e, implicitamente, que o seu blog reflicta as aspirações, a história e a cultura dos respectivos povos. Blogs da excolónias ou que pugnem por elas, independentemente da geografia


O autor do Blog Alto Hama é um jornalista de grande talento. Muito polémico, combativo quanto basta. Luta pelo seu ideário, e fá-lo com uma urbanidade pouco comum. Na briga politica, sabe respeitar o adversário que não adjectiva de inimigo. Por isto e pelas respostas à entrevista, afirmamos," sem fretes", que para nós é um privilégio publicarmos aqui e,hoje, uma entrevista com Orlando Castro, Jornalista angolano-português com a Carteira Profissional portuguesa nº 925, 53 anos. Blogue: http://altohama.blogspot.com


1 . Como interpreta a disseminação e o interesse crescentes pelo fenómeno blogue?
- Interpreto como uma clara tentativa, nem sempre conseguida, de emancipação de quem está farto de ter de “comer” o que os outros querem. Também existe a mesma tentativa por parte dos que estão fartos de ter de vender a “comida” (muitas vezes fora da validade) que os outros querem.


2. Quando navega na blogosfera fá-lo à vista ou prefere rumar para um destino já conhecido?
- Faço-o sobretudo para destinos já conhecidos (de acordo com os meus interesses pessoais e profissionais). No entanto, os destinos meus conhecidos estão sistematicamente a ser alargados em número e em qualidade. Por vezes, onde menos se espera está a obra-prima do mestre e não a prima dos mestre de obras.

3. Quais as motivações que o conduziram à criação de um blog?
- Simples. Ter um espaço onde possa dizer o que penso ser a verdade, onde possa dar voz a quem a não tem, onde sou livre para dizer a quem me lê que se a minha liberdade termina onde começa a dos outros, a dos outros também termina onde começa a minha. Nada disso seria (infelizmente) possível noutros meios.

4 . Qual a sua opinião sobre a blogosfera?
- Globalmente positiva. No entanto, é uma arma atómica que deve ser usada com muito cuidado, com redobrada responsabilidade, com triplicado sentido ético e cívico. E isso nem sempre acontece. Creio que passada a onda do vele tudo, se separará o trigo do joio e só sobreviverão os mais capazes, os mais sérios, os mais íntegros.

5. Os blogues poderão substituir a imprensa online?
- Não. Serão, eventualmente, um complemento. Desde logo porque a imprensa online terá de ter uma estrutura profissional incompatível com os blogues. Digamos que poderão ser, deverão ser, parceiros de viagem que aqui e ali se complementam.

6. Em que medida os blogues intervêm na sua vida pessoal e profissional?
- Em grande medida. Todos os dias, várias vezes ao dia, navego por alguns deles para saber o que os seus autores pensam sobre determinadas coisas e que, como é óbvio, não podem dizer em outros meios ao seu dispor, isto no caso dos jornalistas. O mesmo se aplica a investigadores, políticos etc..

7. O que é para si, um bom blog?
- É todo aquele que, com mais ou menos recursos técnicos, se baseia na seriedade do que apresenta, respeitando para ser respeitado.
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8. A sua participação na blogosfera tem sido gratificante?
- Tem sido. Seja pelos contactos que vão surgindo (alguns de gente que eu já não “via” há dezenas de anos), seja pela salutar troca de ideias sobre os mais diversificados assuntos ou, ainda, por ser um meio onde posso mostrar que, pessoal e profissionalmente, estou vivo.

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