Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

terça-feira, 27 de novembro de 2007

A ESTRATÉGIA DO DESENVOLVIMENTO


Segundo Josué de Castro, os países subsdesenvolvidos não o são por razões naturais– pela força das coisas – mas por razões históricas.
A história do subdesenvolvimento integra a história do desenvolvimento do capitalismo mundial. A riqueza dos territórios ex-colonizados gerou sempre a sua pobreza, para alimentar a prosperidade dos outros
O segredo do desenvolvimento repousa, antes de mais, na transformação das estruturas caducas destas sociedades, fabricadas pelos invasores e que, na sua marginalidade, se apresentam sob a forma que o sociólogo norte-americano Lewis chamou “as culturas do pauperrismo”, nas quais quase não se encontram factores de animação e dinamização, mas ao contrário todo um poderoso sistema de forças de blocagem do desenvolvimento e de manutenção do seu statu quo; forças de blocagem de natureza económica e de natureza cultural.
Por outro lado, a sovrevivência das velhas relações sociais significa que, existem portadores dessas relações, e agentes da sua reprodução, no quadro dessas sociedades.
São estes últimos que constituem a burguesia nacional
Regressando a Josué de Castro: o fenómeno de desenvolvimento destas regiões apresenta-se como um complexo ao mesmo tempo económico e cultural mas, infelizmente, não se tem o hábito de aproximar estas duas palavras: economia e cultura.
Termino com Amilcar Cabral: “ Há assim libertação nacional quando, e apenas quando, as forças produtivas nacionais são totalmente libertas de qualquer espécie de domínio estrangeiro. A libertação das forças produtivas e, consequentemente, a faculdade de determinar livremente o modo de produção mais adequado à evolução do povo libertado, abre necessariamente perspectivas novas ao processo cultural da sociedade em questão, conferindo-lhe toda a sua capacidade de criar o progresso.
Esta afirmação deve ser analisada à luz duma vontade colectiva de alteração das velhas relações de produção, e da apropriação, por parte da classe trabalhadora, das suas próprias condições de existência. Se tal não acontecer, está aberto o caminho para situações do tipo neocolonial ou, no dizer de Cabral: “ se o não conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta

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