Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

SÓCRATES E SANTANA LOPES, DOIS POLITICOS DA 3ª DIVISÃO


O Emídio Rangel disse, em certa ocasião, que as audiências da SIC poderiam impor um Presidente. A afirmação causou rebuliço. Porém, estava escorada na verdade.
Experiências semelhantes, em outros países, serviam de argumento incontestável. Acontece que o Rangel estava sob o fogo de atiradores, acoitados em todos os pontos cardiais. E acresce o facto de ele possuir um talento que escasseava, notoriamente, aos seus inimigos. Abriu um precedente histórico, mais tarde confirmado na RTP: dois políticos da terceira divisão obtiveram imensa popularidade. Ambos treparam a primeiro-ministro, segundo milagres que, como todos os milagres, assentam numa fraude.
A análise desta problemática está feita há muitíssimos anos. No território dos livros (falo de livros, não de literatura) o assunto, então, parece coisa de vudú. Mas não é. O artifício cria a ilusão. Só muito raramente o grande texto chega ao grande público. O epifenómeno das tiragens extraordinárias corresponde à sua própria fragilidade: duram a sombra do momento.


Ora bem: um jornalismo sossegado, preguiçoso, ignorante e até patético tem promovido uma série de medíocres, nos mais amplos sectores da sociedade portuguesa. A crítica dos valores suicidou-se com funambulismos verbais. Na política, apenas têm permissão de audiência duas componentes do girassol ideológico português – se há, de facto, “ideologia” no PS e no PSD. O paradigma daquele programa, “Quadratura do Círculo”, no qual as três vozes soam a uníssono, constitui um pluralismo inventado numa “realidade” de metáfora.
A imposição de um pensamento imaginado como original e seriamente atendível não passa de uma convocatória para a imbecilidade e para a anestesia geral. A maioria dos que pensam neste país, que sabem pensar e que poderia ajudar-nos a pensar é, sistematicamente, colocada no limbo. Por ignorância, burrice, mas também por orientação deliberada.
Dias a fio as televisões, as rádios e os jornais transformaram o “debate” parlamentar num “caso” entre duas criaturas “mediáticas”. Os enfoques não se dirigiam para o Orçamento de Estado mas, directamente, para o eventual “duelo” entre o primeiro-ministro e o líder da bancada do PSD. O ridículo chegou ao ponto de se proceder a uma retrospectiva televisiva dos dois senhores, quando ambos paramentavam a vacuidade das ideias com uma pretensa loquacidade. Até hoje, qualquer dos dois não passou de taciturna mediania.

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