Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

SOBRE OS RACISMOS - PARTE 2



Envolver-me em polémicas gratuitas com o meu amigo virtual, como aliás J Francisco Saraiva de Sousa sublinha no blog CyberCultura e Democracia Online, não está nos meus propósitos. De todo.
Explico porquê. Saraiva de Sousa adjectiva, com muita facilidade e numa linguagem demasiadamente agressiva para o meu gosto, as situações com as quais não concorda. Pergunto: é possível mantermo-nos serenos e emitirmos qualquer opinião perante blindagens verbais como esta:” A ciência precisa analisar tudo isto e a filosofia meditar mais sobre a universalidade: o resto são opiniões obscuras” ?
Ou esta: A verdade é que os movimentos de guerrilha «venceram» as guerras não por mérito próprio, conforme disseram os militares, mas porque a chamada «metrópole» lhes entregou as chamadas «províncias ultramarinas»?
Ser radical, crítico e polémico não lhe confere o direito de fazer o interlocutor refém das suas verdades.
Para lhe responder teria, previamente, de lhe fazer algumas perguntas.
Não basta dizer que o colonialismo português não era racista. É forçoso que nos esclareça sobre o seu conceito de colonialismo. Sim, o colonialismo é ,por definição e nas suas práticas, racista. Ninguém pretende diabolizar, gratuitamente, o colonialismo português. Também não vou assistir passivamente ao desfilar de reinvenções de conceitos, ainda que básicos.
Nâo acha que seria exigir demasiado a Marx que, com muitas décadas de antecedência, tivesse diagnosticado a expansão colonial do capitalismo?
Acredito que a escolha de temas tão polémicos como a guerra e a descolonização, não obedeceu a qualquer propósito de ganhar visibilidade. Acredito que sim mas, não entendo, a sua obsessão
Acredita mesmo em tudo o que escreve(?) , nomeadamente quando refere:
O colonialismo português nunca foi racista e aqueles “brancos” recém-chegados da metrópole que tratassem mal os “negros” não eram bem vistos pelas comunidades portuguesas, podendo mesmo ser “marginalizados” e ostracizados. Acredita mesmo nisto?
E nisto?
O 25 de Abril de 1974 destruiu tudo e os militares abandonaram repentinamente as colónias e os seus habitantes, não só os “brancos”, mas também os “mulatos” e os “negros”, cuja maioria considerava-se integrada e de nacionalidade portuguesa.Este é o crime do 25 de Abril e da politica que se seguiu
Vou terminar, referindo que não consigo perceber o seu desnorte ao atirar em todas as direcções. Releia isto:
Os portugueses que nunca saíram de Portugal eram e são muito mais “primitivos” do que os “negros” que vêem como “gente atrasada”, como se eles fossem assim tão diferentes…
….Todos são ladrões, uns mais falsos do que outros, sobretudo quando dizem ser democratas.


J Francisco Saraiva de Sousa foi um prazer “conversar” consigo.
Agry

2 comentários:

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Logo que possa clarifico alguns conceitos, aliás já o fiz num novo post.
A questão colonial não é uma obsessão para mim. Geralmente, comento o programa «Prós e Contras» de Fátima Campos e a «guerra colonial» foi um dos temas debatidos. (Este facto responde a algumas questões que levantou.) Daí a «questão colonial». Mas o objectivo é ajudar a pensar situações de miséria e obter teorias capazes de iluminar a prática política.
Quanto ao racismo, vejo-o como uma ideologia e não uso ideologias para explicar processos sociais e históricos.
Abraço

AGRY disse...

Não se pretende desculpabilizar África e os seus governos corruptos mas em nome da coerência e da verdade, convém não perder de vista que as antigas potências colonizadoras ainda hoje estão presentes no continente e disputam entre si o ranking dos melhores investidores. Um dia destes talvez escreva sobre isto
Abraço