Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

segunda-feira, 26 de maio de 2008

A NEGROFOBIA ATINGIU O CÚMULO NA ÁFRICA DO SUL



A negrofobia, ou o ódio aos negros, atingiu o cúmulo na África do Sul, com os recentes ataques a africanos negros em Pretória, Alexandra e Diepsloot.
Se estes ataques têm como alvo africanos negros, porque é que continuamos a usar o termo xenofobia, que se refere geralmente ao ódio a estrangeiros? O nosso país não odeia todos os estrangeiros, de facto os estrangeiros brancos são profundamente respeitados pelos negros tanto por ricos como por pobres. O crescimento da negrofobia é a conclusão lógica do nosso falhanço em descolonizar as nossas mentes e também as realidades socioeconómicas. As respostas públicas e do governo são incorrectas e tristemente desadequadasO que devemos é rejeitar a ideia de que estes ataques são obra de criminosos isolados. Toda a África do Sul é culpada.
Devemos igualmente rejeitar o oportunismo insensato de algumas organizações da sociedade civil que ligam estes ataques à crise no Zimbabwe.
A origem profunda destes ataques está na nossa história colonial e de apartheid.
Falhámos a humanizar a nossa sociedade através da genuína liberdade que conduz à libertação material e psicológica...
As fronteiras coloniais não são uma criação nossa. Em 1884 um grupo de salteadores europeus sedentos de sangue reuniu em Berlim e cortou o nosso continente em bocados na sua busca demente pelas riquezas de África.
A fronteira colonial e a criminalização dos africanos é agravada pelo racismo anti-negro corrente na África do Sul gravado nos espíritos tanto de negros como de brancos.
O Estado pós-1994 emite regulamente a mensagem de que os negros africanos são indesejáveis
Não há brancos kwerekweres3; os imigrantes brancos não conhecem a humilhação de serem revistados em público.
A vulnerabilidade dos africanos negros é exacerbada pela falta de protecção legal e de sindicalização e de um salário mínimo obrigatório para todos os trabalhadores, sem lhes pedir documentação.
Precisamos de uma campanha massiva para descolonizar as mentes dos Sul Africanos. Criticamente, a nossa realidade política e socioeconómica precisa de ser transformada para servir os interesses da maioria em vez de pôr os lucros à frente do povo. Não há atalhos se queremos evitar a próxima implosão.Confira: O original aqui e a tradução aqui

Sem comentários: