COM CANALHICE À MISTURA
No seu estilo inconfundível, Baptista Bastos,um dos maiores prosadores portugueses contemporâneos, a propósito do conflito no Cáucaso, escreve :
No conflito que opõe a Geórgia à Rússia as explicações não parecem ser tão lineares quanto a comunicação social portuguesa nos propõe. Apesar de todo o cuidado posto nas frases, Carlos Santos Pereira foi, até agora, o único comentador que esclareceu a natureza da pendência.
No "Diário de Notícias", Santos Pereira esclarece, citando George Friedman, director do Observatório de Análise Geopolítica: "Pela primeira vez desde o colapso da União Soviética, os russos lançaram uma acção militar decidida, e impuseram uma situação militar.
Fizeram-no de forma unilateral, e os países que olhavam para o Ocidente, para intimidar a Rússia, vêem-se agora obrigados a ter em conta o que aconteceu."
Tudo leva a crer que a exibição de força russa conduzirá a um recuo dos Estados Unidos.
Este é o eixo do problema. Sabe-se que, tanto na Ucrânia como na Geórgia, a intervenção dos americanos não se limitou ao envio de centenas de "assessores" militares: o investimento, naqueles países, de milhões e milhões de dólares não são demonstrações de compaixão nem expressões de solidariedade.
Seja quem for o próximo presidente, o legado deixado por Bush revela-se um bico-de-obra de difícil solução. E adiante-se que nenhum dos dois intervenientes está disposto à humilhação de uma derrota desacreditante. Por outro lado, a política externa francesa já exprimiu a gravidade do caso, ao mesmo tempo que inflecte para o lado da razão russa. Fê-lo com o melindre que o assunto envolve. Mas fê-lo.
Há uma extraordinária superficialidade no tratamento destas crises, por parte dos jornais, das rádios e das televisões portuguesas. A grande rábula da designada "visão ocidental dos acontecimentos" encobre ignorância, leviandade e cumplicidade.
A autêntica "visão" será a da procura da "verdade", o que quer que esta palavra hoje signifique. De facto, em todos os conflitos não existe uma razão unilateral. As responsabilidades cabem a muitas partes, inclusive aquelas que não aparecem à luz do dia. E não há "distanciação" possível quando a beligerância, nascida sempre de manobras políticas, atinge níveis como os registados nesta guerra.
A perspectiva na qual se colocam os "colunistas" permite que os consideremos ou ineptos, ou preguiçosos, ou ignorantes. Ou isso tudo, com canalhice à mistura.Confira aqui
No "Diário de Notícias", Santos Pereira esclarece, citando George Friedman, director do Observatório de Análise Geopolítica: "Pela primeira vez desde o colapso da União Soviética, os russos lançaram uma acção militar decidida, e impuseram uma situação militar.
Fizeram-no de forma unilateral, e os países que olhavam para o Ocidente, para intimidar a Rússia, vêem-se agora obrigados a ter em conta o que aconteceu."
Tudo leva a crer que a exibição de força russa conduzirá a um recuo dos Estados Unidos.
Este é o eixo do problema. Sabe-se que, tanto na Ucrânia como na Geórgia, a intervenção dos americanos não se limitou ao envio de centenas de "assessores" militares: o investimento, naqueles países, de milhões e milhões de dólares não são demonstrações de compaixão nem expressões de solidariedade.
Seja quem for o próximo presidente, o legado deixado por Bush revela-se um bico-de-obra de difícil solução. E adiante-se que nenhum dos dois intervenientes está disposto à humilhação de uma derrota desacreditante. Por outro lado, a política externa francesa já exprimiu a gravidade do caso, ao mesmo tempo que inflecte para o lado da razão russa. Fê-lo com o melindre que o assunto envolve. Mas fê-lo.
Há uma extraordinária superficialidade no tratamento destas crises, por parte dos jornais, das rádios e das televisões portuguesas. A grande rábula da designada "visão ocidental dos acontecimentos" encobre ignorância, leviandade e cumplicidade.
A autêntica "visão" será a da procura da "verdade", o que quer que esta palavra hoje signifique. De facto, em todos os conflitos não existe uma razão unilateral. As responsabilidades cabem a muitas partes, inclusive aquelas que não aparecem à luz do dia. E não há "distanciação" possível quando a beligerância, nascida sempre de manobras políticas, atinge níveis como os registados nesta guerra.
A perspectiva na qual se colocam os "colunistas" permite que os consideremos ou ineptos, ou preguiçosos, ou ignorantes. Ou isso tudo, com canalhice à mistura.Confira aqui
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