ABRIL, UMA ESPÉCIE DE EJACULAÇÃO PRECOCE
Ontem, 4 de Abril, assistimos, em Lisboa, a um espectáculo comemorativo do 35º. aniversário da Revolução dos Cravos, onde músicos e cantores revelados nos últimos 35 anos interpretaram canções de Abril. Com este programa, segundo os organizadores, pretendeu-se, através das novas gerações a quem a Revolução dos Cravos abriu a possibilidade de cantar em liberdade, sobretudo daquelas que nasceram artisticamente depois do 25 de Abril, homenagear os músicos, poetas e intérpretes/autores que de alguma maneira contribuíram para que Portugal, hoje, seja um País livre(?).
Foi interessante o espectáculo, pelas interpretações, pelo público e pelo revisitar da esperança. A quase frieza com que se recebeu Paco Ibañez, o poeta/cantor que faz da canção uma arma carregada de futuro, surpreendeu alguns de nós! Barómetro cultural, curioso!
Regressando a Abril de 1974
Um golpe de Estado assume, não raras vezes, a forma de ejaculação histórica precoce. Será esta a etiqueta que colamos ao golpe de 25 de Abril, em Portugal?
A julgar pelas enormes expectativas geradas,, as frustrações e o desencanto instalado, o retrato de Abril é nebuloso e mal retocado.
Nacionalizou-se o Poder e reafirmou-se o Capital como o seu Conselho de Administração. O multipartidarismo foi construído à imagem do Bloco Central e reservou-se para os outros partidos, e cidadãos, a subalternidade que lhes permite assistir, com maior ou menor subserviência, a um simulacro da democracia e da liberdade.
De tempos a tempos, os cidadãos são convidados a pactuar com manobras de diversão, vulgarmente conhecidas como actos eleitorais! Distribuem-se prendas, fazem-se promessas a filhos e enteados e evoca-se a importância das maiorias absolutas, num puro exercício de apologética das “ditaduras” a coberto de ideologias ao serviço do grande capital, auto-designadas democracias modernas e democracias do século XXI.
As tribos dominantes, detentoras do Aparelho Repressivo e do poder de Estado, ao assegurarem a reprodução da obediência às regras da ordem estabelecida, garantem a apropriação e o exercício do poder e especializam-se em driblar indefinidamente a história
A reprodução, no Estado capitalista, de dinastias de homens políticos, dinastias de “empreendedores”, dinastias de ministeriáveis , etc, só pode ser exercida em territórios de intolerância , em espaços de neofascismo mais ou menos suave
Nós, afirmamos que não pode haver democracia autêntica sem progresso social. e sem uma ampla participação de todos
Recordamos Bertolt Brecht:
De que serve estar contra o fascismo – que se condena – se nada se diz contra o capitalismo que o origina?”
2 comentários:
Agry,
uma forma muito original de 'falar' do tema!! :)
não assisti ao concerto, mas gostaria!
e espanta-me o que diz "A quase frieza com que se recebeu Paco Ibañez, " :(
era miúda aquando da revolução dos cravos...e pouco percebo de análise política, mas só posso achar que ... memória curta, será??!!!
um grande abraço
e o meu sorriso :)
mariam
Olha, seub navegador estive aqui a percorrer os teu escritto e simplesmente gostei forca aí mas como navegador solitario? à maneira de Da Gama o que?
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