Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

sexta-feira, 17 de abril de 2009

PIRATARIA: POR QUE OS SOMALIS CAPTURAM NAVIOS

Na edição do dia 15 (4ª feira) o Correio da Manhã insere uma opinião, interessante, com o título “Os Piratas da Somália, da responsabilidade de Domingos Amaral:
“Eu gosto de piratas. Dos antigos, como o Barbarussa, dos imaginários, como o Erol Flynn ou o Jack Sparrow, ou dos actuais, os somalis. Há neles um lado aventureiro, contra o sistema, com que simpatizo. Além disso, os piratas têm códigos de honra próprios, e certas regras de cavalheirismo. Sim, é verdade que são doidos por dinheiro, mas quem estiver livre desse pecado que atire a primeira pedra. Contudo, não são bárbaros nem assassinos sem escrúpulos. Num mundo habituado a terroristas ‘kamikaze’ que atiram aviões contra prédios; ou a bombistas que se fazem explodir em autocarros, é difícil considerar os piratas da Somália como bárbaros. Até agora, não mataram ninguém e limitam-se a tomar de assaltos barcos e a pedir resgates. Pago o dinheiro, devolvem os barquitos e as pessoas, como cavalheiros simpáticos que são. Pode continuar a ler
aqui


Por seu turno, O Vermelho publica uma análise de Abayomi Azikiwe, sobre a “pirataria” na Somália. Eis excertos deste texto:
1)“Em entrevista à al-Jazira, em 11 de Outubro do ano passado, Januna Ali Jama, um dos porta-vozes dos piratas somalis, afirmou que o dinheiro pago nos resgates serve como meio de ''reagir ao lixo tóxico que tem sido continuamente depositado nas praias de nosso país ".
2)“Um porta-voz do Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas (UNEP), Nick Nuttall, afirmou à al-Jazira: a tonelada de lixo jogado ao mar custa cerca de US$ 2,50 para essas empresas, enquanto pagariam aproximadamente mil dólares por tonelada para se desfazerem do lixo nas costas da Europa'', afirmou .
3)Outro factor envolvido na exploração da Somália é a passagem de linhas navais pelo Golfo de Áden, transportando bilhões de dólares em bens pela região todas as semanas. Quase nada desse dinheiro é usado em benefício do povo somali, que sofre um subdesenvolvimento causado pela interferência dos Estados Unidos nos seus assuntos internos.
4)O regime americano, sob administração de George W. Bush, financiou e projectou a invasão e ocupação do país pela vizinha Etiópia, um protectorado ocidental, em Dezembro de 2006. Em resultado da feroz resistência, os militares etíopes abandonaram o país em Janeiro de 2009. A formação de um novo governo fracassou ao tentar trazer todas as forças políticas para o governo.
5)O governo fantoche de Mogadíscio, que foi substancialmente apoiado pelo regime americano, aplaudiu o ataque aos piratas somalis. ''Ficamos muito contentes com a acção e seu resultados'', afirmou o ministro de Relações Exteriores Mohamad Abdullahi Omaar.
6)Na verdade, como a história já provou, o imperialismo americano no Chifre da África só gerou instabilidade e subdesenvolvimento na região. Em resultado das políticas de Bush para a Somália foi criada a pior crise humanitária do continente africano.
7)Relatórios recentes revelados pela Casa Branca indicam que a administração Obama está dividida em relação a como dar continuidade à sua política no Chifre da África. Alguns funcionários desejam uma aproximação diplomática do problema da pirataria, assim como atrair a atenção das nações europeias e asiáticas, para que ajudem a patrulhar as águas do Golfo de Áden e do Oceano Índico.

2 comentários:

MM disse...

Óptimo post. Há dimensões desta questão que todos fazem por ignorar.
Abraço

AGRY disse...

MM
Assobiam para o lado, como sempre
Outro abraço