O 1848 ÁRABE: OS DÉSPOTAS CAMBALEIAM E CAEM
Os levantes populares na Tunísia e no Egipto são revoltas contra o universo da miséria permanente: uma elite cega por sua própria riqueza, corrupção, desemprego massivo, tortura e subjugação ao Ocidente. O resgate da solidariedade árabe contra as ditaduras repelentes e os que as sustentam é um novo ponto de inflexão no Oriente Médio. Trata-se da renovação da memória histórica da nação árabe que foi brutalmente destruída pouco depois da guerra de 1967. Os acontecimentos do último mês assinalaram o primeiro renascer autêntico do mundo árabe desde a derrota de 1967.
Washington quer uma “transição ordenada”, mas as mãos de Suleiman o Fantasma (ou o Senhor da Tortura como algumas de suas vítimas o chamam), que empurraram goela abaixo de Mubarak, também estão manchadas de sangue. Substituir um torturador por outro já não é aceitável. As massas egípcias querem uma mudança total do regime, não uma operação ao estilo do Paquistão, onde um civil sem vergonha substitui a um ditador uniformizado e nada muda verdadeiramente.
Estamos no princípio da mudança. As massas árabes não foram sufocadas pela força desta vez e não sucumbiram. O que oferecerão ao seu povo os que substituirão os déspotas na Tunísia e no Egipto? A democracia, por si só, não pode alimentá-los ou dar-lhes emprego...
excertos dum artigo de Tariq Ali
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