Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

domingo, 10 de abril de 2011

MARQUÊS DE POMBAL E A DEPENDÊNCIA DE PORTUGAL

FMI
Defendendo uma política mercantil e proteccionista, o Marquês de Pombal aplicou um conjunto de medidas, com o objectivo de valorizar a produção nacional e de libertar o país da dependência económica relativamente à Inglaterra. Em termos económicos gerais, houve uma redução no défice da balança comercial com o estrangeiro e assistiu-se a um importante contributo para o arranque da indústria portuguesa.
Deixemo-nos guiar pelo Marquês de Pombal que já em 1755 escrevia o seguinte:
“A monarquia portuguesa agonizava. Os ingleses haviam reduzido o país a uma situação de forte dependência. Tinham-no conquistado sem os incómodos da conquista…Portugal estava debilitado e apático e todos os seus movimentos se regiam pelos desejos de Inglaterra…Em 1754, Portugal não produzia o suficiente para a sua própria sobrevivência. Dois terços das necessidades físicas eram satisfeitas pela Inglaterra…A Inglaterra tornara-se senhora de todo o comércio de Portugal e todo o comércio do país era controlado pelos seus agentes. Os ingleses eram simultaneamente fornecedores e retalhistas de todos os bens que o país necessitava. Detendo o monopólio de tudo, nenhum negócio passava por outras mãos que não as suas…Os ingleses vieram a Lisboa para monopolizar o próprio comércio do Brasil…Após realizarem fortunas fabulosas, os estrangeiros desapareciam, levando consigo as riquezas nacionais” (Do Subdesenvolvimento Capitalista, p.20 de André Gunder Frank)
Tudo isto, como se percebe, a propósito da “inevitabilidade” do concubinato com o FMI
O país que “segue a receita do FMI cegamente corre o risco de acabar num abismo”. (Jeffrey Sachs economista americano)
Ontem, os islandeses rejeitaram, em referendo, o pagamento de uma dívida de quatro mil milhões de euros a credores externos. Na primeira consulta popular de 2010, mais de 90% dos islandeses rejeitou contrair uma dívida pública que se prolongaria por vários anos. 
A Argentina, sob o governo de Juan Domingo Perón (1946- 1955), nunca ratificou a Carta da OEA e o Tratado de Bretton Woods, nem aderiu ao Fundo Monetário Internacional nem ratificou o Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio.
Desde então, após a queda de Perón em 1955, a Argentina sempre foi submetida, com breves interregnos, a políticas económicas liberais e planos de estabilização, recomendados pelo FMI e pelos governos dos EUA.
Atolada em dívidas, foi cair nos braços do Fundo Monetário Internacional (FMI), autoproclamado como instituição salvadora que vai impondo, onde pode, as velhas receitas: corte de salários e apoios sociais, privatizações, “flexibilização laboral”,etc.
O país afundou em 2001 e foi sacudido por rebeliões populares que acabaram abrindo caminho para a eleição de Néstor Kirchner em 2003. Encontrou uma economia destroçada e enfrentou sérios desafios para colocar a casa em ordem e foi obrigado a enfrentar poderosos interesses e não vacilou.Teve a coragem de questionar o FMI, a banca internacional e a relação de subserviência diante dos Estados Unidos.
Uma de suas primeiras providências na área económica foi propor um plano de reestruturação da dívida, que reduzia em 75% o seu valor.
O FMI deixou de dar ordens, os banqueiros estrangeiros “acalmaram”, aconselhados, em maior ou menor medida, pelos seus governos a aceitar os termos da renegociação definido por Kirchner.
Os indicadores económicos mostram que a estratégia de Néstor Kirchner foi um inquestionável sucesso. Durante os quatro anos do seu mandato (2003 a 2007), a economia argentina cresceu 44%, sem interrupção e com uma expansão média anual de 9%, performance inédita até então. O desemprego cedeu e as condições de vida do povo melhoraram visivelmente (ler O Vermelho, aqui)

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