MARQUÊS DE POMBAL E A DEPENDÊNCIA DE PORTUGAL
Defendendo uma política mercantil e proteccionista, o Marquês de Pombal aplicou um conjunto de medidas, com o objectivo de valorizar a produção nacional e de libertar o país da dependência económica relativamente à Inglaterra. Em termos económicos gerais, houve uma redução no défice da balança comercial com o estrangeiro e assistiu-se a um importante contributo para o arranque da indústria portuguesa.
Deixemo-nos guiar pelo Marquês de Pombal que já em 1755 escrevia o seguinte:
“A monarquia portuguesa agonizava. Os ingleses haviam reduzido o país a uma situação de forte dependência. Tinham-no conquistado sem os incómodos da conquista…Portugal estava debilitado e apático e todos os seus movimentos se regiam pelos desejos de Inglaterra…Em 1754, Portugal não produzia o suficiente para a sua própria sobrevivência. Dois terços das necessidades físicas eram satisfeitas pela Inglaterra…A Inglaterra tornara-se senhora de todo o comércio de Portugal e todo o comércio do país era controlado pelos seus agentes. Os ingleses eram simultaneamente fornecedores e retalhistas de todos os bens que o país necessitava. Detendo o monopólio de tudo, nenhum negócio passava por outras mãos que não as suas…Os ingleses vieram a Lisboa para monopolizar o próprio comércio do Brasil…Após realizarem fortunas fabulosas, os estrangeiros desapareciam, levando consigo as riquezas nacionais” (Do Subdesenvolvimento Capitalista, p.20 de André Gunder Frank)
Tudo isto, como se percebe, a propósito da “inevitabilidade” do concubinato com o FMI
O país que “segue a receita do FMI cegamente corre o risco de acabar num abismo”. (Jeffrey Sachs economista americano)
Ontem, os islandeses rejeitaram, em referendo, o pagamento de uma dívida de quatro mil milhões de euros a credores externos. Na primeira consulta popular de 2010, mais de 90% dos islandeses rejeitou contrair uma dívida pública que se prolongaria por vários anos.
A Argentina, sob o governo de Juan Domingo Perón (1946- 1955), nunca ratificou a Carta da OEA e o Tratado de Bretton Woods, nem aderiu ao Fundo Monetário Internacional nem ratificou o Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio.
Desde então, após a queda de Perón em 1955, a Argentina sempre foi submetida, com breves interregnos, a políticas económicas liberais e planos de estabilização, recomendados pelo FMI e pelos governos dos EUA.
Atolada em dívidas, foi cair nos braços do Fundo Monetário Internacional (FMI), autoproclamado como instituição salvadora que vai impondo, onde pode, as velhas receitas: corte de salários e apoios sociais, privatizações, “flexibilização laboral”,etc.
O país afundou em 2001 e foi sacudido por rebeliões populares que acabaram abrindo caminho para a eleição de Néstor Kirchner em 2003. Encontrou uma economia destroçada e enfrentou sérios desafios para colocar a casa em ordem e foi obrigado a enfrentar poderosos interesses e não vacilou.Teve a coragem de questionar o FMI, a banca internacional e a relação de subserviência diante dos Estados Unidos.
Uma de suas primeiras providências na área económica foi propor um plano de reestruturação da dívida, que reduzia em 75% o seu valor.
O FMI deixou de dar ordens, os banqueiros estrangeiros “acalmaram”, aconselhados, em maior ou menor medida, pelos seus governos a aceitar os termos da renegociação definido por Kirchner.
Os indicadores económicos mostram que a estratégia de Néstor Kirchner foi um inquestionável sucesso. Durante os quatro anos do seu mandato (2003 a 2007), a economia argentina cresceu 44%, sem interrupção e com uma expansão média anual de 9%, performance inédita até então. O desemprego cedeu e as condições de vida do povo melhoraram visivelmente (ler O Vermelho, aqui)
Sem comentários:
Enviar um comentário