SOBRE O RACISMO EM PORTUGAL
Nos últimos meses ocorreram por este país fora factos que deveriam ser mais
que suficientes para um debate sério sobre o racismo em Portugal.
Subitamente, o país se pôs
a falar de racismo como se fosse coisa nova, como se não fosse constitutivo e
ontológico da forma como sempre olhou para a diferença. No fundo, para o
racismo! Como se alguma vez, Portugal, como qualquer outra antiga potência
colonial e com aspirações neocolonialistas, tivesse feito uma ruptura catártica
com a espinhosa questão da “raça”!
O código genético do racismo que hoje alimenta a
negrofobia e a ciganofobia patentes, ao longo da história, na produção
legislativa do modelo de sociedade que se foi criando e, em que “a raça” sempre
foi e continua a ser um elemento fundamental, assume hoje várias formas e tem,
cada vez mais, uma expressão institucional muito preocupante.
Contrariamente ao que se pretende fazer crer
sempre que eclode uma polémica sobre o tema, nem a abolição da escravatura, nem
“as independências”, nem o “25 Abril”, nem a indisfarçável diversidade cultural
resolveram as questões do racismo na sociedade portuguesa. O problema, de
facto, é que o racismo ciganófobo e negrófobo é uma espécie de instituição que
resulta desta tradição filosófica e política que sempre considerou, e ainda
considera, os negros e os ciganos como inferiores.
As discriminações são construções políticas que
operam como mecanismos de controlo social, por via da diminuição, da
estigmatização e da homogeneização normalizadora e castradora do direito à
diferença. Por isso, o desafio é imenso e consiste em recusar cair no embuste
que consiste em fazer do silêncio, a estratégia política e ideológica do
branqueamento ou da negação do racismo. Não temos o direito de nos calar e não
podemos calar o racismo.
Lamentavelmente o racismo, tal como o machismo e
a homofobia, está à esquerda e à direita. Porém, pelo que se disse, ouviu e entendeu
das últimas polémicas sobre o tema, parece que a questão ou não interessa ou,
taticamente, não convém! Ora isto é fazer o jogo do adversário. (excertos dum excelente texto de Mamadou Ba que pode ser lido aqui).
IMAGEM daqui
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