Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

sábado, 16 de fevereiro de 2013

SOBRE O RACISMO EM PORTUGAL



Nos últimos meses ocorreram por este país fora factos que deveriam ser mais que suficientes para um debate sério sobre o racismo em Portugal.
Subitamente, o país se pôs a falar de racismo como se fosse coisa nova, como se não fosse constitutivo e ontológico da forma como sempre olhou para a diferença. No fundo, para o racismo! Como se alguma vez, Portugal, como qualquer outra antiga potência colonial e com aspirações neocolonialistas, tivesse feito uma ruptura catártica com a espinhosa questão da “raça”!
O código genético do racismo que hoje alimenta a negrofobia e a ciganofobia patentes, ao longo da história, na produção legislativa do modelo de sociedade que se foi criando e, em que “a raça” sempre foi e continua a ser um elemento fundamental, assume hoje várias formas e tem, cada vez mais, uma expressão institucional muito preocupante.
Contrariamente ao que se pretende fazer crer sempre que eclode uma polémica sobre o tema, nem a abolição da escravatura, nem “as independências”, nem o “25 Abril”, nem a indisfarçável diversidade cultural resolveram as questões do racismo na sociedade portuguesa. O problema, de facto, é que o racismo ciganófobo e negrófobo é uma espécie de instituição que resulta desta tradição filosófica e política que sempre considerou, e ainda considera, os negros e os ciganos como inferiores.
As discriminações são construções políticas que operam como mecanismos de controlo social, por via da diminuição, da estigmatização e da homogeneização normalizadora e castradora do direito à diferença. Por isso, o desafio é imenso e consiste em recusar cair no embuste que consiste em fazer do silêncio, a estratégia política e ideológica do branqueamento ou da negação do racismo. Não temos o direito de nos calar e não podemos calar o racismo.
Lamentavelmente o racismo, tal como o machismo e a homofobia, está à esquerda e à direita. Porém, pelo que se disse, ouviu e entendeu das últimas polémicas sobre o tema, parece que a questão ou não interessa ou, taticamente, não convém! Ora isto é fazer o jogo do adversário. (excertos dum excelente texto de Mamadou Ba que pode ser lido aqui).
IMAGEM daqui

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