BES FEZ REGRESSAR FANTASMA DA CRISE AOS MERCADOS INTERNACIONAIS
No mesmo Jornal, edição de hoje, surge o apelo Salvem o BES e deixem cair a família.
Estamos, mais uma vez colocados, ante a velha táctica “ privatizar os lucros e socializar os riscos, salvar os Bancos e extorquir o Povo?
Ocorre-me Frederico Rampini
Os grandes bandidos do nosso tempo são os banqueiros. A crise que teve o seu início em 2007 no sector financeiro americano, atingiu posteriormente uma dimensão sistémica em 2008 até contagiar a economia real em todo o Ocidente, teve como causa os comportamentos perversos dos banqueiros. Os banqueiros assumiram riscos elevadíssimos – exactamente como aqueles que faziam os assaltos às diligências, há dois séculos, no Far West – e, todavia, faziam-no tendo quase a certeza de impunidade. A arrogância deles teria feito empalidecer não apenas Jesse James, mas até Al Capone.
Toda a história da economia ocidental desde 2008 é uma história de socialização das perdas bancárias. A própria crise da Zona Euro, não pode esquecer-nos, começa exactamente aqui: quando alguns gigantes europeus do sector bancário correram o risco de ir à falência, os Estados intervieram para os salvar. Segue-se as políticas de austeridade ferocíssimas: o desemprego aumenta, a pobreza social agudiza-se. Tudo isto porque a colectividade foi obrigada a salvar os bancos, enquanto os banqueiros não pagaram nada. Alguns continuam lá no topo, até agora. Outros saíram com pensões e indemnizações douradas. Em toda a história, poucos bandidos foram tão hábeis e atrevidos para se defenderem de todo e qualquer castigo e fazer incidir sobre a colectividade o custo das suas acções. (Frederico Rampini in “Banqueiros, Histórias do Novo Banditismo Global”)
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