Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

sexta-feira, 11 de julho de 2014

BES FEZ REGRESSAR FANTASMA DA CRISE AOS MERCADOS INTERNACIONAIS




Sérgio Aníbal escreve no Jornal Público,edição de ontem: “Num regresso surpreendente a um passado recente, Portugal voltou ontem a dominar os noticiários económicos internacionais. E mais uma vez pela negativa, com a crise no BES a ser vista como motivo para o nervosismo e instabilidade que se sentiu ontem nos mercados financeiros um pouco por todo o mundo.”

No mesmo Jornal, edição de hoje, surge o apelo Salvem o BES e deixem cair a família.
Estamos, mais uma vez colocados, ante a velha táctica “ privatizar os lucros e socializar os riscos, salvar os Bancos e extorquir o Povo?

Ocorre-me Frederico Rampini
Os grandes bandidos do nosso tempo são os banqueiros. A crise que teve o seu início em 2007 no sector financeiro americano, atingiu posteriormente uma dimensão sistémica em 2008 até contagiar a economia real em todo o Ocidente, teve como causa os comportamentos perversos dos banqueiros. Os banqueiros assumiram riscos elevadíssimos – exactamente como aqueles que faziam os assaltos às diligências, há dois séculos, no Far West – e, todavia, faziam-no tendo quase a certeza de impunidade. A arrogância deles teria feito empalidecer não apenas Jesse James, mas até Al Capone.
Toda a história da economia ocidental desde 2008 é uma história de socialização das perdas bancárias. A própria crise da Zona Euro, não pode esquecer-nos, começa exactamente aqui: quando alguns gigantes europeus do sector bancário correram o risco de ir à falência, os Estados intervieram para os salvar. Segue-se as políticas de austeridade ferocíssimas: o desemprego aumenta, a pobreza social agudiza-se. Tudo isto porque a colectividade foi obrigada a salvar os bancos, enquanto os banqueiros não pagaram nada. Alguns continuam lá no topo, até agora. Outros saíram com pensões e indemnizações douradas. Em toda a história, poucos bandidos foram tão hábeis e atrevidos para se defenderem de todo e qualquer castigo e fazer incidir sobre a colectividade o custo das suas acções. (Frederico Rampini in “Banqueiros, Histórias do Novo Banditismo Global”)


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