Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

A IDEOLOGIA DO CONSENSO (12)



A VIOLÊNCIA  

Eu amo as gentes e amo o mundo. E é porque amo as pessoas e amo o mundo, que eu brigo para que a justiça social se implante antes da caridade. Paulo Freire. 

Fala-se constantemente da violência, do  risco de haver bloqueamentos de ruas e avenidas e sucederem práticas típicas de uma insurreição geral e finge-se ignorar que há diferentes espécies de violência, com diferentes funções e origens. Há uma violência de agressão e uma violência de legítima defesa. Há a violência dos exploradores e a violência dos espoliados. O que poderá conferir legitimidade, a uma e a outra?
A violência quando exercida pelo próprio Estado, condiciona e determina o clima de coesão social. A ideologia da violência, fonte inspiradora dos aparelhos ideológicos repressivos, garante os instrumentos ao serviço da ordem estabelecida e cuja acção dirige-se, fundamentalmente, a assegurar a obediência, mais ou menos cega, à ideologia dominante.
Vivemos hoje um tempo no qual em nome de uma tirania politica e económica, que dá pelo nome de neoliberalismo, o empobrecimento e o retrocesso social atingem níveis de violência intoleráveis.
As políticas de austeridade, o empobrecimento deliberado, a destruição de direitos conquistados ao longo de décadas, o direito à saúde, à educação, à reforma, à protecção no desemprego e na doença, a delapidação do erário público, os crimes económicos, as desigualdades sociais, a fome, e o consequente ostracismo social são uma forma infame de violência considerada de inevitável por governos indecorosamente autoproclamados de democráticos.
A agressividade da ideologia dominante torna-se tanto mais evidente à medida que largas camadas da população se apercebem das políticas de empobrecimento e de destruição do País, e recusam a cumplicidade na reprodução da ordem estabelecida através dos chamados ajustamentos estruturais impostos pelas Troikas e, subservientemente, reconhecidos como inevitáveis por governos da treta.
A violência desencadeada pelos interesses privados triunfa sobre os direitos sociais, e dá forma à ordem neoliberal e estabelece a fronteira que separa os interesses da maioria dos cidadãos e a minoria constituída pelos detentores do Capital e, pelos seus representantes, no Poder.

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