Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

terça-feira, 24 de julho de 2007

A FOME


Para a grande maioria da humanidade o problema de maior urgência não é o da guerra, nem o comunismo, nem o custo de vida, nem o dos impostos: é o problema da fome. E isto porque a fome é ao mesmo tempo efeito e causa da pobreza e da miséria em que vegeta um bilião e meio de seres humanos (Harold Wilson in A Guerra e a Pobreza Mundial)
A fome, a pior manifestação da pobreza, a causa fundamental da revolta dos asiáticos contra a dominação económica pelas potências europeias, revolta que não poderá ser estancada com bombas e canhões, enquanto estes pobres acreditarem que sua fome e pobreza são sofrimentos desnecessários (Lord Boyd Orr)

É a existência desses enormes campos de concentração em tempo de paz, que são as regiões subdesenvolvidas do mundo, que fazem com que as estatisticas dos órgãos especializados das Nações Unidas revelem o facto tenebroso de que, em meados do século XX, pelo menos dois terços da humanidade viviam num regime alimentar deficiente, ou seja em estado de forma crónica (Josué de Castro in O Livro Negro da Fome)

A desnutrição crónica e a consequente incapacidade de trabalho por falta de energia vital, é um dos principais factores da exígua produtividade nas regiões mais carenciadas do mundo.Verifica-se desta forma ser a fome a mais generalizada de todas as doenças endémicas e a mais grave manifestação do pauperismo mundial, gerado pelo progresso económico defeituoso e agravado pelo circulo vicioso que a miséria impõe: o circulo da baixa produtividade por falta de energia criadora e do consumo infimo por falta de produtividade (Josué de Castro-obra citada)

A fome é produto, antes de tudo, de uma má distribuição da riqueza e de uma má planificação da economia mundial, onde não se procura dar atendimento às necessidades biológicas reais de cada povo, mas apenas às suas necessidades solváveis, ou seja aquilo que ele é capaz de pagar. É por isto que quando se observa o mapa da fome no mundo, se verifica que as suas grandes manchas negras se localizam nas áreas subedesenvolvidas que vivem ou viveram até há pouco tempo num regime de exploração de tipo colonial;áreas subdesenvolvidas da Ásia, da África e da América Latina(Josué de Castro-obra citada)

A relação entre a fome e a superpopulação estabelece-se em sentido inverso àqueleque o empirismo vislumbrava: a fome é a causa e não o efeito da superpopulação. Não há fome por excesso de gente, mas sim existe excesso de gente como uma consequência da fome.É que a fome crónica determinando uma elevação dos índices de fertilidade e dos coeficientes de natalidade constitui-se como um factor de aceleração intensiva do crescimento das populações.Não é significativo o facto que sejam os paises mais assolados pela fome, tais como a antiga China e a Índia, aqueles de maior potencial de crescimento demográfico? ...Há experiências de laboratório(Carlson,Hoelsel Galton)que demonstraram a justeza das nossas afirmações de que uma dieta rica em proteinas faz baixar os índices de fertilidade, enquanto que uma dieta pobre neste principio nutritivo de origem animal determina indice de fertilidade mais elevado( Josué de Castro- obra citada).

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