Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

ATENTADO À DIGNIDADE HUMANA


Governo e sociedade civil discutem como lidar com população de rua na França
A decisão de um prefeito na França de utilizar um spray para espantar moradores de rua chocou o país e criou uma polêmica em relação às “soluções” que vêm sendo adotadas para lidar com a fatia da população sem moradia.
Georges Mothron, prefeito de Argenteuil, uma periferia pobre e problemática de Paris, determinou o uso de um spray com cheiro fétido, que provoca enjôos e irritações na garganta e nos olhos, para desalojar mendigos instalados nas áreas comerciais da cidade.
Diante da indignação de entidades ligadas aos direitos humanos, o prefeito, que é do partido UMP, o mesmo do presidente Nicolas Sarkozy, decidiu suspender a utilização do produto, que tem o nome de 'Malodor'.
A oposição socialista reagiu acusando o governo de fazer uma “caça aos pobres”.
O presidente Sarkozy não se pronunciou sobre o caso. A ministra da Habitação, Christine Boutin, declarou que a utilização do spray “representa um atentado à dignidade humana”.
A ministra, que afirma ter constatado “que estamos em uma sociedade que não aceita os que incomodam”, irá se reunir em breve com os prefeitos que não sabem mais como lidar com o problema dos excluídos nas ruas de suas cidades.Nesta terça-feira, o prefeito de Argenteuil, representantes do governo, dos serviços sociais e comerciantes se reúnem novamente para discutir a questão.
Foi também em Argenteuil que Sarkozy fez a polêmica declaração, em outubro de 2005, de que iria acabar com a “ralé”, em referência a um grupo de jovens das periferias.
A utilização do Malodor não foi a primeira tentativa das autoridades de Argenteuil para espantar os sem-teto. Em 2002, o governo municipal publicou um decreto proibindo mendigar, iniciativa que foi repetida por outras prefeituras.
Além disso, várias municipalidades retiraram bancos das ruas, como ocorreu também em algumas áreas nobres de Paris.
No metrô parisiense foram instaladas barras entre os bancos para impedir que as pessoas se deitem.
O caso em Argenteuil ocorre pouco mais de um ano depois de Paris ter vivido o problema da proliferação de barracas de sem-teto pela cidade.
Na época, as barracas foram distribuídas por ONGs para fornecer abrigo a essas pessoas e também como uma forma de alertar as autoridades sobre a precariedade do sistema de moradias populares no país.
No ínicio, muitos parisienses apoiaram a iniciativa, mas, com o tempo, passaram a protestar contra a sujeira, o barulho e as brigas muitas vezes causadas por excesso de bebida nos “campings” instalados nas ruas da capital.
O problema dos sem-teto está mobilizando os internautas franceses. Após o episódio do spray repulsivo em Argenteuil, surgiram vários blogs para discutir o assunto.

Daniela Fernandes
De Paris

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