Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

FECUNDANDO CAMINHOS


"Estamos num tempo em que todos temos de dar as mãos". E como é que isso se faz? "Fecundando caminhos que possam ser de todos". Crie-se, para tanto, "novos valores". Até porque, no final de contas, "vivemos todos neste planeta".
As ideias foram defendidas por Marcelino dos Santos, durante uma conferência sobre as relações Europa-África, na Universidade Lusófona, no Porto. Com a lucidez dos seus 78 anos e a sabedoria de uma vida plena de reflexão e de acção, o líder histórico moçambicano - foi um dos fundadores, em 1962, da Frelimo - classificou as relações Europa-África como "tema árduo". E porquê? "Falando as mesmas palavras será que estamos a falar da mesma coisa?", interrogou. E, logo a seguir, mais explícito "Será que um tribunal na Europa tem competência para julgar uma acção criminosa que tenha ocorrido em África? É que as leis locais, seja onde for, respiram a cultura própria", e isso tem de ser respeitado.
Daí o tom crítico usado em relação às decisões, de ontem e de hoje, das Nações Unidas (ONU). Ao tempo de Kurt Waldheim, foi aprovado um plano de desenvolvimento de Moçambique que implicava a entrega, em três anos, de 550 milhões de dólares ao Governo de Maputo; a ONU ficou-se por 90 milhões... Mais recentemente, e apesar do "não" da ONU a invasão do Iraque, comandada pelos Estados Unidos da América, aconteceu. "Como pôde George W. Bush fazer isso", questionou Marcelino dos Santos.
Por isso, a relação entre os dois continentes é vista com grande optimismo, sobretudo depois de uma conversa que manteve, anteontem, com o ministro português dos Negócios Estrangeiros, a propósito da Cimeira UE-África, marcada para Dezembro. A ligação futura, disse o antigo vice-presidente da Frelimo, só pode ser feita por "caminhos sãos", porque "o mundo de hoje já não suporta criações desiguais". "Chegou o tempo de resolver todos os problemas de forma pacífica e em igualdade, já não é tempo para oprimir", concluiu.
Paulo F. Silva (in Jornal de Noticias)

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