Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

POPULAÇÃO DO ZIMBABUÉ POUCO ESPERANÇADA

Só com Mugabe fora do caminho
Quando 14 países da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral se preparam para reunir na Zâmbia, para a cimeira de chefes de Estado, milhões de zimbabueanos na diáspora mostram pouca ou nenhuma esperança na liderança política regional na resolução da crise no país.
Daniel Molokele, presidente do Fórum da Diáspora do Zimbabué, estabelecido em Joanesburgo, disse que as organizações representadas no fórum acreditam que qualquer solução para a “tragédia” em curso no Zimbabué terá de passar pelo abandono do poder do presidente Robert Mugabe. Face à mediação entre Mugabe e a oposição empreendida sob mandato da SADC pelo presidente sul-africano em Março, Molokele disse não ter dúvidas de que o relatório não fará qualquer crítica aos métodos repressivos empregues pelo Estado nem ao cariz destrutivo da governação. “A liderança regional não está ainda preparada para identificar Mugabe como o maior problema do Zimbabué, e deverá incluí-lo, mais uma vez, no rol das soluções. Estamos preparados e não esperamos grandes resultados da cimeira da SADC”, concluiu.
Na cimeira de chefes de Estado, agendada para os dias 16 e 17, Thabo Mbeki deverá apresentar o relatório com os resultados dos seus esforços de mediação. MKbeki tem sido sistematicamente criticado por não ter denunciado os atropelos aos direitos humanos cometidos pelo regime de Mugabe nem criticado o que os críticos consideram uma governação desastrosa, que resultou numa inflação na ordem dos cinco mil por cento e num índice de desemprego de 80 por cento. O sentimento expresso por Molokele tem eco entre milhões de zimbabueanos que fugiram em anos recentes da sua pátria para escapar da repressão do regime ou do desemprego e da fome associadas à profunda crise económica. Um activista zimbabueano que se dedica ao auxílio de compatriotas refugiados através de uma obra humanitária estabelecida numa igreja de Joanesburgo disse que “na mente de todos está centrado um simples desejo: ver Mugabe morto ou afastado do poder por qualquer meio, pacífico ou violento”.
O activista, que pediu para não ser identificado com receio de represálias dos agentes de segurança do Zimbabué que muitos acreditam actuar impunemente na África do Sul, garantiu que o influxo de refugiados zimbabueanos para aquele país vizinho cresce de dia para dia. “Milhares e milhares de pessoas atravessam a fronteira todos os dias, depois de percorrerem mais de mil quilómetros, quer de Manicaland, quer de Matabeleland, e chegam à África do Sul desesperados, amargos e revoltados”, garantiu o mesmo activista, que é simultaneamente militante do Movimento para a Mudança Democrática. O sentimento de que só com Mugabe fora do caminho o país poderá entrar na senda da recuperação foi expresso num artigo de opinião do escritor e jornalista Tanonoka Joseph Wande, que vive actualmente no Botsuana.

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