Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

terça-feira, 14 de agosto de 2007

A OUTRA FACE DA ÁFRICA



12/08 - 18:55 - Nahum Sirotsky, correspondente iG em Israel

A África quase só aparece pelos seus aspectos trágicos. O Continente foi vítima da colonização dos brancos que diziam que vinham com missão civilizadora. Dividiram tudo entre eles sem considerar a compatibilidade das tribos e povos. A missão civilizadora, como prova tudo o que aconteceu na descolonização, foi uma metáfora para a exploração de uns poucos brancos. Angola, por exemplo, tinha menos de vinte negros com curso superior quando se libertou de Portugal.
Num resumo de um livro publicado pelo Conselho de Relações Exteriores (Council on Foreign Relations), a mais influente organização particular americana com influência na política externa do país, tem-se uma visão do lado pouco divulgado. O professor N.Lyman, da Universidades de Georgetown e diretor de publicações do CRE escreve que a África é hoje cena de competição por influência e negócios entre China, Índia, Corea do Sul, Brasil e outros, que buscam no Continente o seu petróleo, incrível riqueza mineral, madeiras. Há de tudo. O Washington Post publica um resumo mais completo.
A China, como por todos os cantos onde chega, entra com assistência concreta e centenas de suas empresas. Está na frente. O texto de Lyman concentra-se principalmente em acordar os Estados Unidos que já importam cerca de 15% de seu petróleo de fontes africanas, equivalente ao que vem do Oriente Médio. A produção regional deve dobrar em poucos anos e passar a ser a maior fornecedora do petróleo para os americanos. A de gás cresce. As reservas são imensas e ainda longe de conhecidas.
Os africanos vão aprendendo a se defenderem. A Organização Internacional de Comércio conta com pouco menos de 190 associados dos quais 40 são países africanos que, como o Brasil, demandam menos protecionismo agrícola dos países ricos. Sem o voto africano as negociações da OIC não avançam para a angústia dos mais desenvolvidos.

Claro que o quadro geral é dramático. A África é campeã mundial de casos de Aids, malária, e outras doenças de grande contágio. É pobre em infra-estrutura sanitária e de assistência à saúde, herança, sem dúvida, dos tempos de colônia. Pecado indelével dos países que são democracias que alegam insuficiência de recursos para ajudar a combater aquelas enfermidades. Todas ameaças à saúde do mundo egoísta. A África é o continente de maior índice de miserabilidade. Os estados, de forma geral, não contam com instituições eficientes e sólidas. Há muita corrupção. Instabilidade.
O mundo rico deve a África a riqueza criada pela mão de obra do negro escravo e a exploração de suas riquezas. Mas tem dívidas que a consciência do mundo depende de interesses. O contexto africano é solo fértil para a Al-Qaeda e o terrorismo. E de imigração ilegal que com ela leva as doenças. Tem tudo para ser fonte de novo impulso de crescimento econômico mundial e de epidemias. Depende da visão dos países que se acomodaram em sua prosperidade e ignoram que está ameaçada pelo que fizeram no passado

Sem comentários: