Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

ENTREGAR À RAPOSA A CHAVE DO GALINHEIRO


O cepticismo quase generalizado em relação à politica e à governação, tende a destruir, na sociedade actual, a ideia de que o homem é um animal eminentemente político.
Edificar um Estado de direito em espaços anteriormente flagelados por décadas de autoritarismo, de incultura e de repressão, apresentou-se como um desafio à audácia e à imaginação de sociedades recém-libertas de regimes colonial-fascistas.
Os elevados índices de analfabetismo no ex-império e nas ex-colónias, a escassez de quadros técnica e academicamente preparados, economias incipientes, pouco desenvolvidas, isolados do mundo, são algumas das heranças do passado que era urgente ultrapassar.
Os desenvolvimentos pós libertação provocaram o desencanto da grande maioria dos cidadãos que se remeteu para um cepticismo feroz, traduzido na célebre expressão : “ os políticos são todos uma merda”
A miragem duma sociedade mais justa e solidária desmoronou-se como um baralho de cartas.
A frustração gerada pelos acção dos diversos executivos que nos governaram produziu um mal estar em cadeia
A descredibilização da politica e dos políticos instalou-se, com armas e bagagens, e para ficar.
Nos dias de hoje, uma fatia significativa dos cidadãos questiona o ritual eleitoral e a abstenção não pára de crescer.
Nas nossas terras, os contorcionismos da grande burguesia, travestida de democrática, agudizam-se pelo carácter desinformativo e anestesiante dos media ao seu serviço.
A velha táctica de dividir para reinar obteve, inevitavelmente, algumas vitórias. O instinto de posse fragiliza alguns trabalhadores e torna-os presas fáceis e à mercê dos apelos ao consumismo.
A solidariedade, pelo contrário, exige um pouco mais de todos. A comunidade, o primado do bem geral sobre o individual empurra para os braços da direita o que deveria manter-se no campo oposto.
O combate aos sindicatos e ao espírito sindical processa-se em várias frentes.
Enfim, temos o país e os governantes que merecemos. Nada mais.
Que fazer?
Como diz Mata Harnecker, devemos procurar mostrar que a politica não é arte do possível, mas a arte de construir a força social e politica capaz de mudar a realidade, tornando possível, no futuro, o que hoje nos parece impossível.
A capitulação, o desalento, o cruzar de braços, o deixa-andar não nos leva a lado nenhum. Não podemos renunciar ao combate de ideias e à luta por uma sociedade mais justa.
Se não participarmos na politica, continuaremos a ser governados por arrivistas, incompetentes e corruptos. Seremos governados pela lei da selva

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