RAUL SOLNADO: A PRESENÇA DA GRANDEZA
Em Portugal as pessoas são tomadas como peças perecíveis, desmerecidas e descartáveis. Atingem uma certa idade e, ao invés do respeito, da consideração, e, em muitas circunstâncias, admiração, são sujeitas a vexames e humilhações inacreditáveis. Conheço vários casos.
O último ocorreu entre a direcção de programas da RTP e o grande comediante Raul Solnado. O caso deu origem a duas entrevistas com o actor, uma em 19 de Agosto, p.p., na revista do «Diário de Notícias», outra na última página do mesmo matutino, no dia 2 de Setembro último.
A amnésia histórica, como propósito ideológico de remover qualquer parcela do passado que tenha direito à projecção no presente e no futuro, foi criada exactamente para dar a ideia que antes de nós, nada existiu de relevante. Em todos os sectores da sociedade portuguesa a avalanche de oportunismo varreu padrões, arrasou princípios, aniquilou regras. Mas também é verdade que ao tornar pública a afronta a Raul Solnado, o «Diário de Notícias» originou o protesto indignado de dezenas de leitores.
2 comentários:
Adorei o seu conceito de amnésia histórica, embora não esteja a par do caso Solnado; só por aqui.
Essa é uma enfermidade nacional. Qualquer dia sou capaz de retomar a sua expressão.
Abraço
Uso com alguma frequência essa expressão. Não é certamente por influência deste belo texto de Baptista Bastos. Um jornalista de grande envergadura.Um recriador da escrita.Brilhante, como sempre
Abraço
Agry
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