O PROBLEMA DA DESLEGITIMIZAÇÃO DA DEMOCRACIA
Recentemente, escrevi que Samir Amin possui a qualidade rara de expressar
conceitos e ideias profundas em linguagem muito simples.
Eis mais um exemplo:
“Não pode haver democracia autêntica sem progresso social. É um objectivo que vai exactamente na direcção oposta ao discurso dominante, o qual, dissocia ambos os termos, e anda afastado do pensamento dos bem-pensantes social-liberais e social-demócratas, que supõem que os efeitos negativos do capitalismo podem ser contidos por meio de uma regulação social parcial. Talvez fosse preferível esquecer o termo "democracia" e falar bastante mais de "democratização", entendida como um processo sem fim; e recordar que a necessidade de associar a democracia ao progresso social é um objectivo que diz respeito a todos os países do mundo. Também nos países chamados democráticos a democracia está em crise: precisamente porque, dissociada da questão social, fica reduzida à democracia representativa, e a solução dos problemas económicos e sociais é transferida para o mercado. É uma via muito perigosa: na Itália, como noutros lugares, você votou livremente (ou quase, dado que o voto está muito condicionado pelos media), e no entanto, muita gente se questiona: porquê votar, se o parlamento afirma que algumas decisões são impostas pelo mercado e pela globalização? Deste modo, a democracia vê-se deslegitimada, e corre-se o risco de se derivar para formas de neofascismo suave”
conceitos e ideias profundas em linguagem muito simples.
Eis mais um exemplo:
“Não pode haver democracia autêntica sem progresso social. É um objectivo que vai exactamente na direcção oposta ao discurso dominante, o qual, dissocia ambos os termos, e anda afastado do pensamento dos bem-pensantes social-liberais e social-demócratas, que supõem que os efeitos negativos do capitalismo podem ser contidos por meio de uma regulação social parcial. Talvez fosse preferível esquecer o termo "democracia" e falar bastante mais de "democratização", entendida como um processo sem fim; e recordar que a necessidade de associar a democracia ao progresso social é um objectivo que diz respeito a todos os países do mundo. Também nos países chamados democráticos a democracia está em crise: precisamente porque, dissociada da questão social, fica reduzida à democracia representativa, e a solução dos problemas económicos e sociais é transferida para o mercado. É uma via muito perigosa: na Itália, como noutros lugares, você votou livremente (ou quase, dado que o voto está muito condicionado pelos media), e no entanto, muita gente se questiona: porquê votar, se o parlamento afirma que algumas decisões são impostas pelo mercado e pela globalização? Deste modo, a democracia vê-se deslegitimada, e corre-se o risco de se derivar para formas de neofascismo suave”
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