Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

A REDESCOBERTA DA MISÉRIA DA FILOSOFIA



Ocorreu-me referir A Miséria da Filosofia de Karl Marx como resposta à Filosofia da Miséria de Proudhon e seus acólitos
No prefácio à primeira edição alemã, em 25 de Outubro de 1884, Friedrich Engels sublinha que o juízo global de Marx sobre Proudhon aparece pela primeira vez no Sozial-Demokrat de Berlim.Foi o único artigo escrito por Marx neste jornal por razões que se prendem com as tentativas de von Schweitzer conduzir o jornal para as águas governamentais(nesta obra, Engels inclui duas cartas de Marx sobre Proudhon)
Na esfera económica, Proudhon, introduz algumas modificações. Para ele, qualquer categoria económica tem dois lados, um bom e outro mau. A resolução deste dilema passa por conservar o lado bom, eliminando o mau.
A escravidão é uma categoria económica como qualquer outra. Logo, tem também os seus dois lados. Deixemos o lado mau e falemos do lado bom da escravidão: fique bem claro que se trata apenas da escravidão directa.
A escravidão directa é o eixo da indústria burguesa, do mesmo modo que as máquinas, o crédito, etc. Sem a escravidão não teríamos o algodão; sem este não teríamos a indústria moderna. Foi a escravidão que deu às colónias o seu valor, foram as colónias que criaram o comércio mundial que é a condição da grande indústria. Por isso, a escravidão é uma categoria económica da maior importância.
Como fará o sr Proudhon para salvar a escravidão, pergunta Marx?

4 comentários:

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Também já tinha feito referência a essa obra de Marx em dois posts! Tive a "polemizar" com Carlos Serra quanto à biologia da agressão.
Abraço e Bom Ano Novo.

AGRY disse...

Um 2008 cheio de boas postagens e de outros sonhos
Abraço

Elísio Macamo disse...

caro agry, acho esta postagem interessante por duas razões. primeiro: as mesmas reticências que marx tem em relação aos dois lados das coisas de proudhon poderiam ser aplicadas ao papel positivo que ele atribuiu à colonização britânica da índia. segundo: reflectindo sobre o seu materialismo dialéctico é possível concluir, como bernard williams, um filósofo britânico, o fez, que a extracção da mais-valia era necessária à progressão da história. posto isto, qual é a sua posição em relação a proudhon e à crítica que marx dele faz?

AGRY disse...

Em abstracto,uma perspectiva meramente economicista e/ou desenvolvimentista, sem dúvida que a mais-valia é uma componente importante da acumulação do capital, sem o qual não seria possível o desenvolvimento do capitalismo.
O que se passou um pouco, por todo o lado e, particularmente, na Índia transcende a mera apropriação da mais-valia. Desde logo, a colonização transformou a Índia num país capitalista, dependente da agricultura no despojo dos caponeses e na criação de grandes propriedades agrícolas.
As grandes divirgências situam-se, assim me parece, ao nível de conceitos, na esfera económica. A divisão do trabalho teria sido, talvez, a rampa de lançamento para divergências infindáveis.
Um Bom 2008 para si, Prof. Macamo