TALVEZ TERNURA
É hábito perguntarem-me sobre os meus desejos para o ano novo. Disse, por exemplo, ao Correio da Manhã, a frase fácil: "Que o PS fosse socialista." É fácil, mas é o que penso. Embora avisados "politólogos" me advirtam de que é impossível o Partido Socialista ser socialista, não só pela simples razão de nunca o ter sido, como pela lacónica circunstância de nunca o ter querido ser. Aliás, o desenvolvimento, a civilização, o mercado livre impedem a realização desse infausto anacronismo. Já não há socialistas; há pragmáticos: a maravilha elástica que ministra intensas alegrias aos abjurantes do esquerdismo e aos comunistas contritos, alvoroçadamente convertidos aos prestígios do capitalismo.
Com rigor, porém, penso que seria bom renascer em todos nós um pouco de ternura. Que a compaixão e a bondade não andassem por aí, desempregadas, e também elas tontas e aflitas, por tão sós. Que a felicidade fosse possível. Que tão poucos não tivessem tanto, e tantos não tivessem tão pouco.
Com rigor, porém, penso que seria bom renascer em todos nós um pouco de ternura. Que a compaixão e a bondade não andassem por aí, desempregadas, e também elas tontas e aflitas, por tão sós. Que a felicidade fosse possível. Que tão poucos não tivessem tanto, e tantos não tivessem tão pouco.
2 comentários:
Vejo que admira B.-Bastos! :)
Escreve como ninguém!Sou um despeitado! Por isso recorro a ele
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