Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

DEPOIS DO SISMO POPULAR NO MAPUTO


Ninguém abdica dos seus privilégios sem luta. Esta é, na minha opinião, a primeira ilação a extrair do “ensaio” de contestação social que teve lugar, ontem, no Maputo.
Imagino o sorriso irónico dos burguesmente instalados no mundo! Um levantamento popular por causa duns míseros cêntimos, dirão cinicamente.
As mudanças , pequenas e grandes, são o resultado da luta da população trabalhadora. Foi e será sempre assim. Em Moçambique e em qualquer parte do mundo.
Não queria socorrer-me de “chavões” para caracterizar a tendência dos “deuses” para se perpetuarem no Poder e ampliarem os seus privilégios em detrimento, obviamente, da grande maioria a quem não resta alternativa para além da sua força de trabalho e da sua capacidade de luta e de indignação.
Do roubo de esticão à mais refinada fraude politica, o denominador comum respeita aos seus agentes, aos seus responsáveis: estão-se nas tintas para as suas vítimas.
Há séculos que repetimos as mesmas coisas! Infelizmente, outros depois de nós continuarão a faze-lo: refiro-me à defesa intransigente dos direitos inalienáveis dos trabalhadores, em especial no que respeita às condições que permitem uma existência, e uma sobrevivência, com o mínimo de dignidade.
É preciso, é imperioso, é urgente (como diz o poeta) que se aproximem os conceitos de liberdade e justiça da realidade social e politica que a todos acolhe.
Tudo isto não se faz sem luta, ninguém duvide
Ocorreu-me, agora, a resposta de Boaventura de Sousa Santos,
a uma entrevista à Net-esquerda:
A transformação progressista raramente nasceu de acções protagonizadas apenas pelos excluídos. As grandes lutas foram sempre resultado de alianças entre grupos mais oprimidos e menos oprimidos e os que, não sendo directamente oprimidos, se solidarizaram com a sorte daqueles, ao julgar injusto que seu bem-estar se baseie no mal-estar dos oprimidos. O intelectual é um facilitador na articulação de experiências e acções nas diferentes escalas, locais, nacionais, regionais e globais, que combinam distintas agendas transformadoras, como a indígena, das mulheres, dos camponeses, dos direitos humanos e da ecologia
imagem tirada daqui

2 comentários:

Aguiar disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
AGRY disse...

Muito obrigado pela visita.
Não sei se terei a arte e o engenho de de melhorar a minha postagem, tornando-a mais intelegível.
Não é líquido, pelo menos para mim, que a contestação ocorrida em Moçambique tenha sido promovida por gente estranha à classe trabalhadora nomeadamente pelos partidos da oposição.
Libertar-se da origem de classe era, segundo Marx, condição necessária para que um burguês se pudesse transformar num aliado da classe operária. Aliás Marx, como sabe, ele próprio era um cidadão de origem burguesa.
Mas não foi essa a minha intenção. Não pretendi fazer uma visita a Marx. Aliás, eu nem sequer evoquei a classe burguesa. Ocorreu-me, e isto é rigorosamente verdade, o sociólogo Boaventura Santos. Ele caracteriza o intelectual como um facilitador na articulação de experiências e acções.
No fundo, fiz, se quiser, provocações. Alguém melhor documentado do que eu poderá, eventualmente, ir mais longe. Mas, por mera intuição, penso que ninguém estará em condições de ir tão longe.
Finalmente, concordo com a linha de pensamento do sociólogo português. Para além da origem de classe, é fundamental a presença de pessoas intelectualmente capazes no seio da classe trabalhadora. O que escrevemos confunde-se,às vezes,com os nossos desejos