Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

RECORDANDO DOM HELDER DA CÂMARA, O BISPO DOS POBRES


Integralista na juventude, progressista na idade adulta, dom Helder sempre surpreendeu a quem quis enquadrá-lo em jargões. Sob a ditadura militar, dialogou com os generais que o censuravam na mídia e socorreu os perseguidos e os presos políticos na defesa intransigente dos direitos humanos.

Certa noite familiares aflitos procuraram dom Helder. Um homem tinha sido preso e estava sendo espancado na delegacia. O prelado ligou para o delegado: "Aqui é dom Helder. Está preso aí o meu irmão". O policial levou um susto: "Seu irmão, eminência?" Dom Helder explicou: "Apesar da diferença de nomes, somos filhos do mesmo pai". O delegado desmanchou-se em desculpas e mandou soltar o preso irmão do arcebispo. Filhos do mesmo pai...


Durante o Concílio Vaticano II (1962-1965), o "bispo dos pobres" promoveu uma articulação entre cardeais e bispos de todo o mundo em favor da inserção da Igreja nos setores populares. Propôs ao papa João 23 entregar o Vaticano e suas obras de arte aos cuidados da UNESCO, como patrimônio cultural da humanidade, enquanto o papa passaria a morar, na qualidade de bispo de Roma, numa paróquia da capital italiana. Ele sonhava com uma Igreja menos imperial e mais parecida com a comunidade dos pescadores da Galiléia.
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