Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

sexta-feira, 21 de março de 2008

DIA INTERNACIONAL PARA A ELIMINAÇÃO DA DISCRIMINAÇÃO RACIAL


Apesar de serem conhecidos pela herança de miscenização étnica e cultural, dos casamentos mistos e da actual legislação punir racismo e discriminação, um em cada cinco portugueses são racistas.
Neste contexto, revelado por uma pesquisa do Instituto de Ciências Sociais acerca das atitudes e valores dos portugueses, o Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial, que se celebra hoje, 21 de Março, por decisão tomada em 1965 pela ONU, reveste-se de uma insuspeita actualidade.
O sociólogo João Filipe Marques, docente da Faculdade de Economia da Universidade do Algarve, cuja tese de doutoramento “do «não racismo português» aos dois racismos dos portugueses” tem lançamento marcado para o próximo mês de Abril, salienta: “É na denúncia implacável dos afastamentos aos princípios da igualdade cívica, jurídica e política de todos os indivíduos que se pode, senão eliminar, pelo menos reduzir à mínima expressão as paixões racistas dos homens”.
Para o sociólogo “a principal arena de combate ao racismo é inevitavelmente o campo da cidadania, e é aqui que a sociologia tem um papel imprescindível a desempenhar”.
Sustenta na sua tese que há uma espécie de “dilema português” , com a coexistência, numa mesma sociedade, de uma ideologia e de valores não racistas e até anti-racistas, e de comportamentos efectivamente racistas.
Mas mais simplesmente,quem já não ouviu a frase "volta para a tua terra" que manifesta o racismo na sociedade portuguesa?
O racismo relativo aos imigrantes “parece impregnar insidiosamente todos os domínios da vida social”. Não apenas naqueles que se manifestam verbalmente e até por agressões, mas também no que é implícito e não-dito, a discriminação vivida no emprego, na procura de casa nos transportes públicos e nos locais de lazer, refere a tese do sociólogo.
Apesar das mutações sofridas na sociedade portuguesa nas últimas décadas, as manifestações de racismo não estão ausentes das relações entre os portugueses e outras colectividades, como os ciganos e imigrantes africanos. Eles fazem parte “do quotidiano de boa parte da população que aqui vive, ainda que se mantenham ausentes do discurso político”. Confira aqui

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