ÁFRICA CARDÍACA - A BALADA DO NÍGER DE AMILCAR CORREIA
Neste livro, bem escrito, o autor reivindica, como seu, o propósito inspirador de Javier Reverte: «a escrita é um belo pretexto para viajar sempre».
«Africa é tão cardíaca como a nossa atracação a ela». Quem procurar o exotismo, desiluda-se. Quem desejar descrições exuberantes e efervescentes, lerá em vão.
Encontraremos a viagem antropológica, o olhar, o ouvido e o passo atentos aos rituais, às ora profundas, ora ténues barreiras entre o sagrado e o profano; os sentidos excitados pelos odores, pelo caminhar dos corpos, pelas falas. Mas também a viagem política e histórica, sem panfletismos e em busca do contexto onde emergem as histórias, as polifonias, os rumores.
Há ainda o intuito de uma metaviagem: o que significa ir e voltar; ir e voltar transformado, transtornado; ir e voltar aos poucos; ir e não voltar de todo. Prisioneiros da viagem tornamo-nos, também, prisioneiros de uma eterna passagem, um limbo onde somos e não somos, algures entre o próximo e o estranho.
Ryszard Kapuscinski, polaco que longamente conheceu África, é citado no livro a propósito dos «estereótipos que a Europa alimenta sobre África», numa conversa com crianças de Varsóvia: «Uma das crianças levantou-se e perguntou: - viu lá muitos canibais? Kapuscinski explicou que, quando alguém chega da Europa ao bairro de KarioKoo, em Dar es Salam, e fala de Londres ou de Paris, ou então de outras cidades habitadas por mzungus, há uma pergunta que é inevitável: - E viste lá muitos canibais?».Confira aqui
«Africa é tão cardíaca como a nossa atracação a ela». Quem procurar o exotismo, desiluda-se. Quem desejar descrições exuberantes e efervescentes, lerá em vão.
Encontraremos a viagem antropológica, o olhar, o ouvido e o passo atentos aos rituais, às ora profundas, ora ténues barreiras entre o sagrado e o profano; os sentidos excitados pelos odores, pelo caminhar dos corpos, pelas falas. Mas também a viagem política e histórica, sem panfletismos e em busca do contexto onde emergem as histórias, as polifonias, os rumores.
Há ainda o intuito de uma metaviagem: o que significa ir e voltar; ir e voltar transformado, transtornado; ir e voltar aos poucos; ir e não voltar de todo. Prisioneiros da viagem tornamo-nos, também, prisioneiros de uma eterna passagem, um limbo onde somos e não somos, algures entre o próximo e o estranho.
Ryszard Kapuscinski, polaco que longamente conheceu África, é citado no livro a propósito dos «estereótipos que a Europa alimenta sobre África», numa conversa com crianças de Varsóvia: «Uma das crianças levantou-se e perguntou: - viu lá muitos canibais? Kapuscinski explicou que, quando alguém chega da Europa ao bairro de KarioKoo, em Dar es Salam, e fala de Londres ou de Paris, ou então de outras cidades habitadas por mzungus, há uma pergunta que é inevitável: - E viste lá muitos canibais?».Confira aqui
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