Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

sábado, 26 de abril de 2008

ÁFRICA CARDÍACA - A BALADA DO NÍGER DE AMILCAR CORREIA


Neste livro, bem escrito, o autor reivindica, como seu, o propósito inspirador de Javier Reverte: «a escrita é um belo pretexto para viajar sempre».
«Africa é tão cardíaca como a nossa atracação a ela». Quem procurar o exotismo, desiluda-se. Quem desejar descrições exuberantes e efervescentes, lerá em vão.
Encontraremos a viagem antropológica, o olhar, o ouvido e o passo atentos aos rituais, às ora profundas, ora ténues barreiras entre o sagrado e o profano; os sentidos excitados pelos odores, pelo caminhar dos corpos, pelas falas. Mas também a viagem política e histórica, sem panfletismos e em busca do contexto onde emergem as histórias, as polifonias, os rumores.
Há ainda o intuito de uma metaviagem: o que significa ir e voltar; ir e voltar transformado, transtornado; ir e voltar aos poucos; ir e não voltar de todo. Prisioneiros da viagem tornamo-nos, também, prisioneiros de uma eterna passagem, um limbo onde somos e não somos, algures entre o próximo e o estranho.
Ryszard Kapuscinski, polaco que longamente conheceu África, é citado no livro a propósito dos «estereótipos que a Europa alimenta sobre África», numa conversa com crianças de Varsóvia: «Uma das crianças levantou-se e perguntou: - viu lá muitos canibais? Kapuscinski explicou que, quando alguém chega da Europa ao bairro de KarioKoo, em Dar es Salam, e fala de Londres ou de Paris, ou então de outras cidades habitadas por mzungus, há uma pergunta que é inevitável: - E viste lá muitos canibais?».Confira aqui

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