Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

quinta-feira, 3 de abril de 2008

METÁSTASE DA CRISE FINANCEIRA


É errada a ideia de que a crise financeira que atravessa os Estados Unidos se deve a uma anomalia num segmento do sistema de empréstimos hipotecários. Os créditos hipotecários irresponsáveis e de má qualidade não teriam sido capazes de gerar por si mesmos esta crise. Há ligações profundas no sistema financeiro que explicam o motivo de podermos estar a presenciar a eclosão da pior catástrofe financeira desde 1930.
Os créditos hipotecários de má qualidade tiveram origem na competição interbancária para dominar o mercado dos Estados Unidos. Nesta luta, os bancos recorreram a colocar créditos hipotecários irresponsáveis, sem análise do historial creditício, sem comprovação de rendimentos, sem garantias, etc.
O problema agravou-se porque as mesmas práticas irresponsáveis estenderam-se aos créditos ao consumo: cartões de crédito, financiamento de compra de automóveis e até empréstimos para cursos universitários. Mas talvez a ligação mais importante com o sistema financeiro se encontre nas práticas das seguradoras chamadas monolinha1 e na entrada em bolsa dos títulos hipotecários
Hoje, estas empresas de seguros sofrem perdas colossais ao trabalharem com pacotes bolsistas apoiados (ou contaminados) por hipotecas de má qualidade.
Hoje são o veículo de uma mestástase que ameaça todos os componentes do sistema financeiro.
Em síntese, os mecanismos supostamente desenhados para reduzir o risco de uma crise sistémica são precisamente os que hoje constituem a pior ameaça à integridade do sistema financeiro, bancário ou não-bancário. O pior é que não há possibilidades de um resgate nem de uma resposta de política macro-económica adequada.
A crise financeira nos Estados Unidos vai agravar a recessão, fazendo-a mais longa e profunda que as anteriores. Vai também estender-se a todo o planeta, na combinação com a pior crise financeira em sete décadas. Tudo isto apesar dos ressaltos "espectaculares" (e irracionais) nos mercados bolsistas do mundo. Depois da tempestade, quando o pó assentar, veremos que a economia e o sistema financeiro globais terão sofrido transformações profundas. E a sequência pavorosa de quebras, desemprego e desigualdade marcará o adeus definitivo à retórica feliz sobre as virtudes da globalização.Confira aqui

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