Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

quarta-feira, 2 de abril de 2008

O AVESSO DO MUNDO SEGUNDO BARTHES - O MARXISMO CONTRA A CRIAÇÃO DOS MITOS


Os cinquenta anos da publicação de “Mitologias”, o livro que chamou a atenção para Roland Barthes, foram escassamente evocados entre nós. A febre comemorialista, por saturação, por fastio ou simplesmente porque Simone de Beauvoir ocupou o espaço reduzido a que as ideias francesas têm direito, deixou escapar o acontecimento, que ficou sepultado em páginas interiores de suplementos culturais nalguma imprensa internacional e, salvo qualquer excepção que não conheço, foi olimpicamente ignorado pela imprensa portuguesa, mais preocupada com impantes banalidades. Faltou Eduardo Prado Coelho para o lembrar.
É uma injustiça e isso ainda é o menos. É sobretudo a perda de uma oportunidade de reflexão que é hoje tão actual – ou mais – do que há meio século.
O fetichismo da mercadoria faz emergir a fetichização das relações sociais como expressão da mercadoria.
Esta socialização anacrónica e individualizada, que não deixa de ser socialização, manifesta o triunfo do mercado e dos seus mitos. Mitos com pés de barro, porque são decifráveis e porque são portanto descontruíveis e destrutíveis. O simples facto de Barthes os ter já enunciado há cinquenta anos atrás, coleccionando os mitos banais que alimentam a comunicação alienada, é a prova de que a crítica das armas é a razão da arma da crítica.Continuar a ler aqui

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