Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

KOSOVO SIM, OSSÉTIA NÃO. ENTENDA O QUE OCORRE NA GEÓRGIA

O presidente da Geórgia decidiu resolver os problemas que tem, desde 1989, com a província separatista da Ossétia da forma mais radical: fazendo uma invasão, de surpresa, apoiada pelos Estados Unidos, e aproveitando o facto do planeta estar distraído com os Jogos Olímpicos.
Os 99 por cento dos habitantes da Ossétia do Sul querem unir-se com a Ossétia do Norte, que faz parte da Federação Russa. O mundo não os apoia, embora apoiem Kosovo.
A Geórgia, apoiada pelos EUA, pretende aderir à OTAN. Nos bastidores, o que acontece é um forte conflito geopolítico em que a Geórgia, um país fortemente apoiado pelos Estados Unidos (onde aconteceu uma ''revolução rosa'' em 2003, com o apoio americano e que tirou o poder do então presidente, Eduard Shevardnadze), enfrenta uma região, a Ossétia do Sul, que deseja integrar-se à Ossétia do Norte, república que faz parte da Federação Russa.
A Geórgia também tem feito esforços extraordinários para aderir à OTAN.No entanto, a Geórgia não pode participar da OTAN, porque, para ser membro desta organização, é preciso que não existam problemas territoriais nos Estados pretendentes. A Geórgia tem o problema da região da Abcásia, que também proclamou uma república autônoma em 1992, e da Ossétia.Saakashvili tem de resolver seus problemas com a Ossétia para se tornar parte da NATO
Os países ocidentais e a Ucrânia dotaram a Geórgia de um forte arsenal de armas pesadas, e militares americanos têm feito ''jogos de guerra'' e treinado as novas forças da Geórgia.
Os ossetas são considerados um grupo étnico diverso de russos e georgianos. Eles têm a sua própria língua, costumes e cultura. Actualmente, a Ossétia está dividida em duas: uma boa parte do território, a Ossétia do Norte, é parte da Federação da Rússia, mas a outra parte, a Ossétia do Sul, pertence à Geórgia.
Uma vez iniciado o processo de dissolução da União Soviética, em 1989, a Ossétia do Sul se auto declarou unida à Ossétia do Norte, decisão que o Parlamento da Geórgia declarou inconstitucional e que a comunidade internacional se recusou a aceitar. Em 19 de janeiro de 1992, a maior parte dos habitantes da Ossétia do Sul votou a favor da sua anexação à Rússia.
Não se pode deixar de notar que a Geórgia é um país de vital importância em termos de geopolítica, já que milhares de barris de petróleo e gás são extraídos diariamente a partir do Mar Cáspio, e são transportados para o Mar Negro, a fim de que possam seguir para o Mediterrâneo e para o resto do mundo.
Os Estados Unidos controlam apenas o gasoduto que passa pela Geórgia, já que os outros passam pela Rússia. Se a Ossétia do Sul fizer parte da Rússia, esses oleodutos georgianos deixarão de ser controlados pelos Estados Unidos.
No início dos Jogos Olímpicos em Pequim, o exército georgiano tentou tomar a capital da Ossétia do Sul, Tskhinvali, de surpresa, para colocar um fim no movimento que tenta fazer que tal região se una de volta em uma única nação que faça parte da Federação Russa.
Aviões de guerra georgianos atacaram as posições da província da Ossétia do Sul, horas depois de tanques abrirem fogo.
Vários caça-bombardeiros Su-25 da Geórgia tomaram parte no assalto à capital Tskhinvali.
Isto resultou numa forte reacção da Rússia, que entrou no território. ''O Kremlin enviou tanques e aviação à capital separatista, Tskhinvali, para impedir a sua captura por tropas georgianas que, ao meio-dia de ontem, estavam a ponto de controlar a cidade depois de um ataque maciço no qual, de acordo com várias fontes, houve numerosas vítimas civis'', afirmou o El País, da Espanha.
Kossovo sim, Ossétia não
Apesar da ''comunidade internacional'' ter aceite com extraordinária rapidez a ''independência'' de Kosovo e da dissolução da antiga República Socialista da Iugoslávia (impelida pelos EUA e OTAN), esse não foi o caso da Ossétia do Sul, um território que não quer ser independente, mas sim reunir-se à Ossétia do Norte, que é uma república que faz parte da Federação Russa.
O motivo provavelmente tem a ver com o apoio dos Estados Unidos à Geórgia e a importância geoestratégica do território, sulcado por oleodutos que transportam petróleo e gás do Mar Cáspio para o Mediterrâneo.
Confira aqui ,aqui , aqui e aqui

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