PAULINA CHIZIANE
A figura de uma mulher negra, de impenetráveis olhos azuis, dominou a quarta edição da Festa Literária de Porto de Galinhas (Fliporto), dedicada este ano à cultura africana. Trata-se da primeira mulher a publicar um romance em Moçambique, Paulina Chiziane, nascida há 53 anos em Manjacaze, na província de Gaza, criada no subúrbio de Maputo e com um livro publicado em 2004, pela Companhia das Letras, Niketche - Uma História de Poligamia.
Ao lado do escritor Mia Couto, Paulina representa o que há de melhor na literatura africana hoje
Paulina colabora com organizações não-governamentais em projectos de promoção social da mulher, além de ter trabalhado para a Cruz Vermelha durante a guerra civil.
"Ainda há muito a fazer numa sociedade que reprime as mulheres", diz Paulina, que acabou de lançar, pela editora Caminho, O Alegre Canto da Perdiz, justamente a história de uma mulher negra dividida entre dois mundos, o africano e europeu, por conta de uma paixão que lhe daria um filho mulato "para aliviar o negro de sua pele como quem alivia as roupas de luto". Essa corrida ansiosa atrás do caucasiano é também explicada pela discriminação que a mulher negra sofre em sociedades patriarcais de Moçambique, mais concentradas na província da qual Paulina é oriunda. Lá, uma mulher, além de lavar e cozinhar, deve servir o marido de joelhos e largar tudo o que está fazendo quando este a chama.
Paulina diz que não é feminista. Apenas retratou o que vê em suas andanças por Moçambique: homens espancando mulheres e abandonando filhos à própria sorte. "Com a disseminação da doutrina islâmica, a poligamia cresceu no norte do país e trouxe em sua esteira conflitos com a cultura portuguesa, monogâmica, e as sociedades secretas de feitiçaria, já combatidas pelos revolucionários, que queimavam objectos de culto." E o que pedem essas pessoas aos orixás? "Coisas básicas, como pão, paz e chuva."
Falar do futuro de crianças dessa nova raça de pais incógnitos, "que terão de fuçar a sua identidade nas raízes da História", observa, não é uma tarefa fácil. "A guerra acabou, passou o momento épico da revolução e cresceu a criminalidade, o desemprego e a fome" , diz, comentando a emergência de uma elite desinformada e irresponsável em Moçambique. Confira aqui
Ao lado do escritor Mia Couto, Paulina representa o que há de melhor na literatura africana hoje
Paulina colabora com organizações não-governamentais em projectos de promoção social da mulher, além de ter trabalhado para a Cruz Vermelha durante a guerra civil.
"Ainda há muito a fazer numa sociedade que reprime as mulheres", diz Paulina, que acabou de lançar, pela editora Caminho, O Alegre Canto da Perdiz, justamente a história de uma mulher negra dividida entre dois mundos, o africano e europeu, por conta de uma paixão que lhe daria um filho mulato "para aliviar o negro de sua pele como quem alivia as roupas de luto". Essa corrida ansiosa atrás do caucasiano é também explicada pela discriminação que a mulher negra sofre em sociedades patriarcais de Moçambique, mais concentradas na província da qual Paulina é oriunda. Lá, uma mulher, além de lavar e cozinhar, deve servir o marido de joelhos e largar tudo o que está fazendo quando este a chama.
Paulina diz que não é feminista. Apenas retratou o que vê em suas andanças por Moçambique: homens espancando mulheres e abandonando filhos à própria sorte. "Com a disseminação da doutrina islâmica, a poligamia cresceu no norte do país e trouxe em sua esteira conflitos com a cultura portuguesa, monogâmica, e as sociedades secretas de feitiçaria, já combatidas pelos revolucionários, que queimavam objectos de culto." E o que pedem essas pessoas aos orixás? "Coisas básicas, como pão, paz e chuva."
Falar do futuro de crianças dessa nova raça de pais incógnitos, "que terão de fuçar a sua identidade nas raízes da História", observa, não é uma tarefa fácil. "A guerra acabou, passou o momento épico da revolução e cresceu a criminalidade, o desemprego e a fome" , diz, comentando a emergência de uma elite desinformada e irresponsável em Moçambique. Confira aqui
2 comentários:
Agry,
fico contente, por esta Mulher, não só por fazer vingar no mundo dos H a sua arte da escrita, mas como Mulher em todos-os-sentidos!
Obrigada por divulgar «Paulina Chiziane», um nome a reter e a ler!
(adoro a escrita de «Mia Couto» também, comprei nas férias e li o seu "pack" dos 2 últimos livros)
boa semana
um grande abraço
e um sorriso :)
ah! li os infra, obrigada por toda essa informaçao :)
Paulina Chiziane? Sou suspeita pois é a minha favorita! Que mais comentarios se pode tecer? A ironia com a qual ela aborda os temas, torna-os irreais, diferentes.
A verdade é nua e crua: "uma mulher, além de lavar e cozinhar, deve servir o marido de joelhos e largar tudo o que está fazendo quando este a chama". Mesmo a relação entre quatro paredes e de quadrada servidão.
Muitos vão aplaudindo e achando graça a este gracejar da realidade de muitas mulheres moçambicanas. Pena é que muitas nem sequer saibam ler para ver que alguém luta por elas...
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