Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

PAULINA CHIZIANE

A figura de uma mulher negra, de impenetráveis olhos azuis, dominou a quarta edição da Festa Literária de Porto de Galinhas (Fliporto), dedicada este ano à cultura africana. Trata-se da primeira mulher a publicar um romance em Moçambique, Paulina Chiziane, nascida há 53 anos em Manjacaze, na província de Gaza, criada no subúrbio de Maputo e com um livro publicado em 2004, pela Companhia das Letras, Niketche - Uma História de Poligamia.
Ao lado do escritor Mia Couto, Paulina representa o que há de melhor na literatura africana hoje
Paulina colabora com organizações não-governamentais em projectos de promoção social da mulher, além de ter trabalhado para a Cruz Vermelha durante a guerra civil.
"Ainda há muito a fazer numa sociedade que reprime as mulheres", diz Paulina, que acabou de lançar, pela editora Caminho, O Alegre Canto da Perdiz, justamente a história de uma mulher negra dividida entre dois mundos, o africano e europeu, por conta de uma paixão que lhe daria um filho mulato "para aliviar o negro de sua pele como quem alivia as roupas de luto". Essa corrida ansiosa atrás do caucasiano é também explicada pela discriminação que a mulher negra sofre em sociedades patriarcais de Moçambique, mais concentradas na província da qual Paulina é oriunda. Lá, uma mulher, além de lavar e cozinhar, deve servir o marido de joelhos e largar tudo o que está fazendo quando este a chama.
Paulina diz que não é feminista. Apenas retratou o que vê em suas andanças por Moçambique: homens espancando mulheres e abandonando filhos à própria sorte. "Com a disseminação da doutrina islâmica, a poligamia cresceu no norte do país e trouxe em sua esteira conflitos com a cultura portuguesa, monogâmica, e as sociedades secretas de feitiçaria, já combatidas pelos revolucionários, que queimavam objectos de culto." E o que pedem essas pessoas aos orixás? "Coisas básicas, como pão, paz e chuva."
Falar do futuro de crianças dessa nova raça de pais incógnitos, "que terão de fuçar a sua identidade nas raízes da História", observa, não é uma tarefa fácil. "A guerra acabou, passou o momento épico da revolução e cresceu a criminalidade, o desemprego e a fome" , diz, comentando a emergência de uma elite desinformada e irresponsável em Moçambique. Confira
aqui

2 comentários:

mariam [Maria Martins] disse...

Agry,
fico contente, por esta Mulher, não só por fazer vingar no mundo dos H a sua arte da escrita, mas como Mulher em todos-os-sentidos!
Obrigada por divulgar «Paulina Chiziane», um nome a reter e a ler!
(adoro a escrita de «Mia Couto» também, comprei nas férias e li o seu "pack" dos 2 últimos livros)

boa semana
um grande abraço
e um sorriso :)


ah! li os infra, obrigada por toda essa informaçao :)

Ximbitane disse...

Paulina Chiziane? Sou suspeita pois é a minha favorita! Que mais comentarios se pode tecer? A ironia com a qual ela aborda os temas, torna-os irreais, diferentes.

A verdade é nua e crua: "uma mulher, além de lavar e cozinhar, deve servir o marido de joelhos e largar tudo o que está fazendo quando este a chama". Mesmo a relação entre quatro paredes e de quadrada servidão.

Muitos vão aplaudindo e achando graça a este gracejar da realidade de muitas mulheres moçambicanas. Pena é que muitas nem sequer saibam ler para ver que alguém luta por elas...