Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

quarta-feira, 16 de junho de 2010

A QUESTÃO JÁ NÃO É A COR DA PELE

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O homem que compra bananas no mercado do Soweto está cansado de ouvir falar em tensões raciais na África do Sul. Na África do Sul, em 2010, há brancos com medo e negros com discursos de ódio? Há. Há também negros com medo e brancos com discursos de ódio. Nem uns nem outros são a maioria.

Os abismos entre as misérias (sobretudo negras) e as fortunas (sobretudo brancas) são perigosos num país com armas à solta e uma história de violência, e a História não está do lado da África do Sul. Mas nem todos os países tiveram homens como Nelson Mandela a urdir os fios do destino. É certo que alguns questionam o legado de Mandela. É certo que muitos não vêem com agrado que 87% da terra continue nas mãos de 10% da população – a minoria branca. Mas a África do Sul está a anos-luz do país a preto e branco

Os números oficiais do desemprego na África do Sul rondam os 26 por cento, os números reais ultrapassam os 40 por cento. A média é ainda mais alta nas townships. Os grandes bairros pobres – cidades satélite criadas pelo regime da segregação para manter os negros longe dos centros urbanos – tornaram-se atracções turísticas. Meio dia de bairro pobre custa o equivalente a 40 euros por pessoa e esta é uma das excursões mais requisitadas na Cidade do Cabo.

A extrema-direita órfã de Eugene Terre Blanche, que reagiu ao fim do apartheid com ataques à bomba, tem um novo líder. André Visagie

André Visagie lembra os 3300 fazendeiros brancos mortos desde o final dos anos oitenta e os 50 mil brancos mortos em todo o país desde o fim do apartheid.

“Desde o fim do apartheid morreram dez vezes mais negros do que brancos”.As estatísticas não dizem nada a André Visagie

Excerto dum artigo da Buala, que pode ser lido aqui

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