A QUESTÃO JÁ NÃO É A COR DA PELE
O homem que compra bananas no mercado do Soweto está cansado de ouvir falar em tensões raciais na África do Sul. Na África do Sul, em 2010, há brancos com medo e negros com discursos de ódio? Há. Há também negros com medo e brancos com discursos de ódio. Nem uns nem outros são a maioria.
Os abismos entre as misérias (sobretudo negras) e as fortunas (sobretudo brancas) são perigosos num país com armas à solta e uma história de violência, e a História não está do lado da África do Sul. Mas nem todos os países tiveram homens como Nelson Mandela a urdir os fios do destino. É certo que alguns questionam o legado de Mandela. É certo que muitos não vêem com agrado que 87% da terra continue nas mãos de 10% da população – a minoria branca. Mas a África do Sul está a anos-luz do país a preto e branco
Os números oficiais do desemprego na África do Sul rondam os 26 por cento, os números reais ultrapassam os 40 por cento. A média é ainda mais alta nas townships. Os grandes bairros pobres – cidades satélite criadas pelo regime da segregação para manter os negros longe dos centros urbanos – tornaram-se atracções turísticas. Meio dia de bairro pobre custa o equivalente a 40 euros por pessoa e esta é uma das excursões mais requisitadas na Cidade do Cabo.
A extrema-direita órfã de Eugene Terre Blanche, que reagiu ao fim do apartheid com ataques à bomba, tem um novo líder. André Visagie
André Visagie lembra os 3300 fazendeiros brancos mortos desde o final dos anos oitenta e os 50 mil brancos mortos em todo o país desde o fim do apartheid.
“Desde o fim do apartheid morreram dez vezes mais negros do que brancos”.As estatísticas não dizem nada a André Visagie
Excerto dum artigo da Buala, que pode ser lido aqui
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