DESVENTURAS DA CONSCIÊNCIA NACIONAL (II)
“O povo estagna lamentavelmente numa miséria insuportável e toma lentamente consciência da inqualificável traição dos seus dirigentes” Fanon
A burguesia nacional descobre a missão histórica de servir de intermediário. Não se trata de uma vocação para transformar a nação, mas prosaicamente para servir de correia de transmissão para um capitalismo disfarçado e que se cobre, hoje, com a máscara neocolonialista. A burguesia nacional vai comprazer-se, sem complexos e com toda a dignidade, no papel de agente de negócios da burguesia ocidental. Esse papel lucrativo, essa função de pequeno financeiro, essa estreiteza de vistas e essas ausências de ambição simbolizam a incapacidade da burguesia nacional de cumprir o seu papel histórico de burguesia.
No seu aspecto decadente, a burguesia nacional será consideravelmente ajudada pelas burguesias ocidentais que se apresentam como turistas amantes de exotismo, de caça e de casinos.
A burguesia nacional organiza centros de repouso e de recreio, curas de prazer para a burguesia ocidental. A essa actividade dar-se-á o nome de turismo e será comparada circunstancialmente a uma indústria nacional.
Sem ideias, fechada sobre si própria, desligada do povo, minada pela sua incapacidade congénita de pensar o conjunto dos problemas em função de toda a nação, a burguesia nacional vai assumir o papel de gerente de empresas do Ocidente e transformará praticamente o seu país em lupanar da Europa.
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