Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O PRÉMIO NOBEL DA GUERRA

Liu Xiaobo

Quem recebeu o Prémio Nobel da Paz do ano passado intensificou a guerra no Afeganistão algumas semanas depois de receber o prémio. O prémio surpreendeu o próprio Obama. Este ano o governo chinês foi louco a ponto de fazer um mártir de Liu Xiaobo, presidente do PEN chinês e um neoconservador. Ele não deveria nunca ter sido detido, mas os políticos noruegueses que fazem parte do comité, liderado por Thorbjørn Jagland, um antigo primeiro-ministro trabalhista, quiseram dar uma lição à China. E assim ignoraram os pontos de vista do seu herói. Ou talvez não o tenham feito, dado que os seus próprios pontos de vista não são dissimilares. O comité pensou em oferecer a Bush e Blair um prémio da paz conjunto por invadirem o Iraque mas o protesto público forçou a uma retirada.

Para que conste, Liu Xiaobo afirmou publicamente que no seu ponto de vista:

(a) o drama da China consiste em não ter sido colonizada durante pelo menos 300 anos por um poder ocidental ou pelo Japão. Isto, ao que parece, tê-la-ia civilizado para sempre;

(b) as guerras da Coreia e do Vietnam feitas pelos EUA foram guerras contra o totalitarismo e aumentaram ‘a credibilidade moral de Washington’;

(c) Bush teve razão em ir para a guerra com o Iraque e as críticas do Senador Kerry foram uma 'promoção da difamação';

(d) O Afeganistão? Nenhuma surpresa aqui: pleno apoio à guerra da NATO.

Ele tem direito a essas opiniões, mas será que elas deviam obter um prémio pela paz?

O jurista norueguês Fredrik Heffermehl argumenta que o comité está a violar a vontade e o testamento deixado pelo inventor do dinamite cujas heranças financiam os prémios: ‘o comité Nobel não recebeu o dinheiro dos prémios para uso livre, mas foi-lhe confiado dinheiro para dar ao elemento fundamental na criação da paz, quebrando o círculo vicioso de corridas ao armamento e de jogos de poder militares. Deste ponto de vista o Nobel 2010 é novamente um prémio ilegítimo concedido por um comité ilegítimo’. (Taraq Ali, escritor paquistanês, activista revolucionário estabelecido em Inglaterra). Pode conferir aqui

 

 


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