Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

domingo, 26 de junho de 2011

A HISTÓRIA VOLTOU PARA AS RUAS

AS RUAS DO MUNDO IMAGEM
No início dos anos 90 obteve grande repercussão mediática a tese do "fim da História", elaborada por Francis Fukuyama, economista, professor de Filosofia Política e um dos principais ideólogos dos anos Reagan. Segundo essa tese, a História teria chegado ao fim com a queda do Muro de Berlim e a derrocada da União Soviética. Esses dois acontecimentos marcariam a vitória definitiva da democracia liberal e do modelo de civilização liderado pelos Estados Unidos. Mas a História costuma ridicularizar esse tipo de profecia determinista que pretende ditar os rumos do mundo. (Marco Aurélio Weissheimer)
O admirável mundo novo prometido pela globalização financeira resultou numa das mais graves crises da economia ocidental. Por uma dessas ironias que a História parece gostar de praticar as receitas económicas amargas de austeridade impostas a países da América Latina, Ásia e África hoje adoptadas nos Estados Unidos e na Europa como suposta solução para a crise económica. Bilhões de dólares foram pelo ralo com os negócios do casino financeiro global. O Estado, apresentado até então pelos defensores deste sistema, como um gigante a ser diminuído, foi chamado a socorrer grandes bancos e instituições financeiras privadas. Quem pagou o socorro foram os contribuintes que agora são chamados a apertar os cintos para pagar essa conta. A crise económica que atingiu os EUA e a Europa repercute-se, é claro, em todo o mundo.
No plano político, o mundo vive também um período de turbulência, consequência directa dessa crise económica. Há apenas alguns meses, ninguém se atreveria a prever a eclosão de múltiplas revoltas populares em países do Oriente Médio, de África e, mais recentemente, da Europa. Governos que eram apontados como padrão de estabilidade, como é o caso do Egipto, foram obrigados a renunciar em poucas semanas. A guerra da Líbia levou os EUA e seus aliados europeus a se envolverem em mais um conflito armado na região mais instável do planeta. A combinação da instabilidade política com a crise económica constitui um caldo de cultura explosivo de consequências imprevisíveis. Na Europa, milhares de jovens estão saindo às ruas em diversos países em protesto contra o desemprego, a falta de perspectivas e a falência do sistema político tradicional. Nos últimos meses, as manifestações ruas multiplicaram-se pela Islândia, Grécia, Inglaterra, Espanha e Portugal, entre outros países.
Diante desse conjunto de problemas e da crise das representações políticas tradicionais, as ruas voltaram a ser um espaço de manifestação e debate público.

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