Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

segunda-feira, 27 de junho de 2011

A PROPÓSITO DO BLOCO DE ESQUERDA


“A ofensiva contra a barbárie continua na ordem do dia, pois a superação política resultará de um componente social de mudança, e não de uma vitória eleitoral, mesmo que ela possa parecer espectacular à primeira vista. (István Mészáros)

O resultado eleitoral do BE provocou o delírio dos média e da direita em geral e foi o pretexto para que um pequeno grupo se pusesse em bicos dos pés e pedisse a cabeça da direcção do Bloco e, muito em particular, de Francisco Louçã como a confirmar que ninguém dá pontapés num cão morto!
Recordo o que escrevi na altura: Os média, particularmente os audiovisuais, fortemente empenhados em impedir o avanço de forças antisistémicas, assumiram zelosamente o papel de vanguarda dos grandes grupos económicos, verdadeiras colónias culturais, e desenvolveram a cruzada a favor das troicas, braço politico da ideologia do capitalismo financeiro e económico.
Era de todo impensável que a resposta eleitoral à contestação criada pela crise penalizasse forças progressistas não obstante o palavrão esquerda ainda provocar gastrites e outras mazelas a muitas centenas de milhares de portugueses.
Libertar do marasmo e dos medos um eleitorado colonizado por uns média ao serviço de grandes grupos económicos e blindado por preconceitos adquiridos desde o berço, é uma tarefa hercúlea que exige uma mobilização geral de toda a esquerda.
É imperioso clarificar conceitos de tal forma que não se confunda socialismo com o PS e social-democracia com PSD ou, por outras palavras, chamar os bois pelos nomes. E é também a este nível que o BE, e a esquerda em geral, tem de se demarcar inequivocamente do PS. Ao reclamar-se do socialismo, o Bloco deverá enfatizar as diferenças, quer ao nível ideológico quer na prática politica, que o separam dum partido que, instalado no Poder, se deslumbrou e se rendeu ao neoliberalismo.
O que devemos fazer? Intensificar o combate ideológico nomeadamente através do recurso aos media alternativos articulados, ou não, em frentes comuns; fomentar o envolvimento crescente dos trabalhadores na tomada de decisões; fortalecer as intervenções extraparlamentares de combate; rejeitar a prática politica de partidos vocacionados em administrar as crises do capital e distribuir os paliativos do costume, para disfarçar politicas fortemente lesivas dos interesses e dos direitos da classe trabalhadora.
Aos cidadãos de esquerda, ditos independentes, deve recordar-se que não é a autoproclamação que lhes confere essa qualidade. São os princípios e os valores aliados a uma prática consequente que espelham a margem ideológica em que nos situamos.
A crítica e o activismo no conforto do sofá reforçado por uma abstenção galopante, qual mimetismo politico, também ajudam a compreender o fenómeno consubstanciado nos resultados eleitorais de 5 de Junho.
A declaração de Rosa Luxemburgo “Socialismo ou barbárie” poderá ser complementada, como refere Mészáros, por “Socialismo se tivermos sorte”.
NOTA:O Bloco lançou um debate na net que pode ser acompanhado aqui e aqui

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