Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

terça-feira, 1 de novembro de 2011

A VORACIDADE E OS DESMANDOS DO PODER


A ofensiva contra a barbárie continua na ordem do dia, pois a superação política resultará de um componente social de mudança, e não de uma vitória eleitoral, mesmo que ela possa parecer espectacular à primeira vista (István Mészáros)

Tenho para mim que este governo é um verdadeiro bando de ministros problemáticos! A pretexto da crise, e do cumprimento zeloso dos mandamentos da troika, desenvolvem uma politica de terra queimada com os resultados à vista: fazer dos portugueses cobaias na experimentação de medidas austeritárias e na implementação acelerada de politicas neoliberais que visam o primado da privatização e a destruição progressiva do Estado social.
O regresso às soluções neokeynesianas e a regulação justifica o tom grandiloquente, usado por estes senhores sempre que surgem nas televisões a debitar velhas fórmulas do neoliberalismo feroz, e apresentam-nas como resultado de estudos laboriosos, e originais, por si desencadeados. Nada mais falso.
O receituário deste governo, fracassou em todo o lado: da Indonésia ao Chile, da Argentina à Grécia e à Tailândia: austeridade, recessão, desemprego, privatizações, cortes brutais nos salários, nas pensões, nos serviços de saúde e na segurança social.
É preciso, é urgente pôr cobro a estes desmandos.
Os governantes, ou melhor, os gestores-delegados do Poder económico, assumem zelosamente o papel de defensores do sistema. Refugiam-se na exaltação dos valores da democracia sem perceberem muito bem de que estão a falar.
Detentores duma poderosíssima máquina de marketing, manipulam o espaço social a seu belo prazer. Anestesiam e amordaçam tudo e todos.Com palavrinhas mansas adormecem muitas das suas vítimas. Alteram as regras em nome do combate à crise e do bem-estar crescente das oligarquias financeiras. Manipulam o mercado de trabalho, atraem as presas, sugam-nas e "abatem-nas ao activo". O direito ao trabalho converte-se, assim, numa benesse do Poder.
O movimento sindical é rotulado de moço de recados dos partidos e condenado à fogueira do santo oficio das oligarquias políticas e financeiras: é a instabilidade do emprego convertida em regra no quadro da estratégia de combate à crise; é a hierarquização da liberdade social, politica e económica: é a liberdade dos ricos e a liberdade dos pobres; a liberdade dos governantes e a dos governados; a dos trabalhadores e a dos patrões; dos íntegros e dos canalhas; dos carrascos e das suas vítimas.

Por força de tudo isto, o conformismo já se reinstalou na sociedade portuguesa. Apresenta-se como um vírus que ataca todo o tecido social. As metástases proliferam a um ritmo preocupante. A terapia político-social é , no actual contexto, manifestamente ineficaz. As contra-indicações são mais que muitas. Os efeitos secundários são o desemprego, a fome, a instabilidade social, a marginalidade, a insegurança de toda a ordem.
É preciso, é urgente pôr cobro a estes desmandos, não com falinhas mansas nem observando subservientemente as regras pré-definidas pelo sistema. Chegou a hora de agir, doa a quem doer: promover o fenecimento do Estado por meio de uma luta que articule o local e o global, o nacional e internacional.

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