A VORACIDADE E OS DESMANDOS DO PODER
A ofensiva contra a barbárie continua na ordem do dia, pois a superação política resultará de um componente social de mudança, e não de uma vitória eleitoral, mesmo que ela possa parecer espectacular à primeira vista (István Mészáros)
Tenho para mim que este governo é um verdadeiro bando de ministros problemáticos! A pretexto da crise, e do cumprimento zeloso dos mandamentos da troika, desenvolvem uma politica de terra queimada com os resultados à vista: fazer dos portugueses cobaias na experimentação de medidas austeritárias e na implementação acelerada de politicas neoliberais que visam o primado da privatização e a destruição progressiva do Estado social.
O regresso às soluções neokeynesianas e a regulação justifica o tom grandiloquente, usado por estes senhores sempre que surgem nas televisões a debitar velhas fórmulas do neoliberalismo feroz, e apresentam-nas como resultado de estudos laboriosos, e originais, por si desencadeados. Nada mais falso.
O receituário deste governo, fracassou em todo o lado: da Indonésia ao Chile, da Argentina à Grécia e à Tailândia: austeridade, recessão, desemprego, privatizações, cortes brutais nos salários, nas pensões, nos serviços de saúde e na segurança social.
É preciso, é urgente pôr cobro a estes desmandos.
Os governantes, ou melhor, os gestores-delegados do Poder económico, assumem zelosamente o papel de defensores do sistema. Refugiam-se na exaltação dos valores da democracia sem perceberem muito bem de que estão a falar.
Detentores duma poderosíssima máquina de marketing, manipulam o espaço social a seu belo prazer. Anestesiam e amordaçam tudo e todos.Com palavrinhas mansas adormecem muitas das suas vítimas. Alteram as regras em nome do combate à crise e do bem-estar crescente das oligarquias financeiras. Manipulam o mercado de trabalho, atraem as presas, sugam-nas e "abatem-nas ao activo". O direito ao trabalho converte-se, assim, numa benesse do Poder.
O movimento sindical é rotulado de moço de recados dos partidos e condenado à fogueira do santo oficio das oligarquias políticas e financeiras: é a instabilidade do emprego convertida em regra no quadro da estratégia de combate à crise; é a hierarquização da liberdade social, politica e económica: é a liberdade dos ricos e a liberdade dos pobres; a liberdade dos governantes e a dos governados; a dos trabalhadores e a dos patrões; dos íntegros e dos canalhas; dos carrascos e das suas vítimas.
Por força de tudo isto, o conformismo já se reinstalou na sociedade portuguesa. Apresenta-se como um vírus que ataca todo o tecido social. As metástases proliferam a um ritmo preocupante. A terapia político-social é , no actual contexto, manifestamente ineficaz. As contra-indicações são mais que muitas. Os efeitos secundários são o desemprego, a fome, a instabilidade social, a marginalidade, a insegurança de toda a ordem.
É preciso, é urgente pôr cobro a estes desmandos, não com falinhas mansas nem observando subservientemente as regras pré-definidas pelo sistema. Chegou a hora de agir, doa a quem doer: promover o fenecimento do Estado por meio de uma luta que articule o local e o global, o nacional e internacional.
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