Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

domingo, 20 de janeiro de 2013

AMÍLCAR CABRAL FOI ASSASSINADO HÁ 40 ANOS



Amílcar Cabral nasce em Bafatá, na Guiné-Bissau, a 12 de Setembro de 1924. Em 1945, depois de ter frequentado o Liceu de São Vicente, onde escreve os primeiros cadernos de poesia, parte para a “metrópole” com uma bolsa de estudo para o Instituto Superior de Agronomia. Em Lisboa, participa com outros estudantes das colónias portuguesas em actividades orientadas para a descoberta da cultura africana, nomeadamente na Casa dos Estudantes do Império
É um dos fundadores, com Mário Pinto de Andrade e Francisco José Tenreiro, do Centro de Estudos Africanos, que reúne a partir de 1951 na casa de família de Alda do Espírito Santo. Nestes encontros nasce o movimento literário da “Negritude”, e dá-se a afirmação da identidade africana - fase que Cabral viria a descrever como a “reafricanização dos espíritos”
Em 1952 o engenheiro agrónomo chega ao seu país de origem e, como técnico ao serviço da administração colonial, realiza o Recenseamento Agrícola da Guiné, que lhe dá um conhecimento profundo da população e da sociedade guineense, essencial para a estratégia de guerrilha que viria a adoptar durante a luta de libertação
A 19 de Setembro de 1956 cria clandestinamente o Partido Africano da Independência, em Bissau, e inicia a fase de mobilização política sob o pseudónimo de Abel Djassi.. Desenvolve rigorosamente o processo de crítica e julgamento do colonialismo português denunciando os seus crimes no plano internacional. Em 1963, frustradas todas as tentativas de diálogo com o poder colonial português, determina a passagem da acção diplomática à luta armada.
Em 1968, Amílcar Cabral descreve a Guiné como um Estado independente com uma parcela do território nacional, circunscrita aos centros urbanos, ocupada por forças estrangeiras – e consagra os últimos anos da sua vida a lutar por esse estatuto jurídico.
No plano teórico desenvolve a ideia de resistência cultural como uma arma contra o colonialismo. A luta armada de libertação nacional significava para Cabral, simultaneamente, um facto e factor de cultura, e o verdadeiro regresso do povo à sua história, sem o qual não poderia alcançar a emancipação e independência. O sonho da unidade entre a Guiné e Cabo Verde, que o acompanhou ao longo da vida, não se chegou a concretizar após a libertação.
Faleceu em Conakry, assassinado, em 20 de Janeiro de 1973.(ArquivoAmilcar Cabral)


1 comentário:

OUTONO disse...

...diz-me tanto este capítulo africano...
Tinha acabado de chegar a essa guerra estúpida, para libertar não sei o quê, e provocar não sei o quê...
Ainda hoje o lembro...e o curioso é que vejo agora, também muitos inimigos, que no tempo se diziam amigos desse grande lutador, por um povo livre.
A vida continua. Ainda bem, que "consciências" como a tua, vão lembrando pedaços dessa história de valores, que sucumbiram, pelos devaneios criminosos de mentes sem valor.
Abraço!