MOÇAMBIQUE UM PAÍS ADIADO?
A tensão político-militar que se vive em Moçambique é indiciadora duma paz “não conseguida” que se arrasta desde o questionável Acordo geral de Paz e que pode despoletar o regresso às armas.
Moçambique tem de (re) construir-se e reinventar-se a partir de uma determinação inabalável que se exprima pela capacidade não só de pensar o futuro no presente, mas também de organizar o presente de maneira que permita actuar sobre esse futuro, colocando os cidadãos no posto de comando.
Optei por recuperar um texto de Maio de 2009.
As árvores têm de se resignar, precisam das suas raízes; os homens não. Não gosto da palavra “raízes” e da imagem ainda menos. As raízes enfiam-se na terra, contorcem-se na lama, crescem nas trevas; mantêm a árvore cativa desde o seu nascimento e alimentam-na graças a uma chantagem: “Se te libertas, morres!”
(Amin Maalouf)
O corte do cordão umbilical foi, em muitos casos, uma intervenção adiada e/ou assistida. Gerações de urbanizados experimentaram o desconforto da coexistência com a mudança de paradigma! Os mais domesticados, renunciavam às origens e afundavam nos seus delírios, refugiando-se em velhas crenças difundidas pelo engenho triturador de sonhos.
No terreno, esboçava-se o projecto de uma vida nova! Enclausurados em guetos de sociedades divididas, o fogo cruzado de ideologias beligerantes provocava danos e adiava as decisões. Interesses irreconciliáveis disputavam cada palmo de terra.
Esta ideologia libertadora, ameaça a capitalização de privilégios. Em nome da caça às bruxas, forjam-se pretextos para prolongar as hostilidades! O velho inimigo, sorri.
A amnésia histórica instala-se. A diabolização da luta emancipadora dociliza e domestica os mais vulneráveis. Rasgam-se as entranhas do sonho. O pesadelo arrasta-se e secundariza-se a dignidade.
Esta ideologia libertadora, ameaça a capitalização de privilégios. Em nome da caça às bruxas, forjam-se pretextos para prolongar as hostilidades! O velho inimigo, sorri.
A amnésia histórica instala-se. A diabolização da luta emancipadora dociliza e domestica os mais vulneráveis. Rasgam-se as entranhas do sonho. O pesadelo arrasta-se e secundariza-se a dignidade.
A sobrevivência da utopia está ameaçada, dificilmente resistirá! A morte foi, entretanto, anunciada.
Homens e mulheres, crianças e velhos disputam, no quotidiano, um punhado de alimento. Cobras e humanos, pernoitam em árvores.
Num cenário de destruição, de insegurança, de armadilhas e de indignidades, a degenerescência galopa e os ódios substituem-se à solidariedade e à partilha tão peculiar das gentes da Pérola do Índico.
Nos alicerces dum projecto de contornos bem definidos, ainda que questionado por alguns (muitos?) a nova arquitectura politica terá de dispor de imaginação, capacidade e empenho para conquistar as principais vítimas deste estúpido pesadelo, com rastos de violência aviltantes.
Neste período, muitos moçambicanos, muitos quadros, abandonaram o seu País. Órfãos, coagidos à aventura, engrossaram o caudal dos trabalhadores à mercê da exploração desenfreada dos mesmos, de sempre. Alguns, nem por isso!
Uns e outros ficaram mais pobres: o país e os cidadãos.
Uns e outros ficaram mais pobres: o país e os cidadãos.
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