Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

ELEIÇÕES 2014 EM MOÇAMBIQUE


Este é um pequeno trabalho que versa sobre as promessas e sobre a autopromoção dos candidatos presidenciais e seus partidos na campanha eleitoral em curso no país.
As promessas oferecem aos eleitores potenciais o perfume das possibilidades, a subversão das rotinas, grandiosos sonhos tão mais apetecidos quão mais pequenas, pobres e distantes das modernidades urbanas forem as terras.
As autopromoções políticas dão às promessas o selo de uma garantia gnómica, dotando os seus autores da característica fantástica dos obreiros das parúsias.
Se estivermos atentos às descrições do que têm dito líderes e porta-vozes partidários, veremos que tudo se promete, desde água e energia a empregos, desde empregos a hospitais e escolas de boa qualidade, de hospitais e escolas de boa qualidade ao funcionamento racional do Estado, do funcionamento racional do Estado à redistribuição da riqueza.
Aqui e acolá, os adversários são duramente atacados e acusados de prometer o que não podem cumprir. Mas as promessas desfilam, em todos os partidos, como rios impetuosos que saltaram fora das margens e penetram sem freios nos ouvidos e nas almas das multidões.
Desses rios impetuosos faz também parte, a todos os níveis, a autopromoção política. Os candidatos vão asseverando às multidões sequiosas de novidade e mudança que são os únicos conhecedores do desenvolvimento, os únicos que dispõem de maturidade, das chaves da boa governação, dos segredos do futuro, os únicos capazes de fazer a gestão transparente do Estado, de gerir a unidade nacional, os únicos, enfim, preparados para tornar o povo feliz e acabar com a malevolência, a miséria e a intranquilidade.
Promessas e autopromoções que, nestas quintas eleições gerais de Moçambique, talvez sejam bem mais constantes, profusas e partilhadas por todos os partidos do que nas eleições anteriores, num forte ambiente de propaganda e captação de crença que vai do porta-a-porta aos cultos religiosos, procurando abarcar todos os poros sociais do país. ( postagem publicada no Diário de um Sociólogo)


Sem comentários: