Carta aberta de Mia Couto ao Presidente da África do Sul sobre o genocídio de moçambicanos naquele país
Contra o genocídio de moçambicanos na África do Sul
Exmo. Senhor Presidente Jacob Zuma
Lembramo-nos
de si em Maputo, nos anos oitenta, nesse tempo que passou como
refugiado político em Moçambique. Frequentes vezes nos cruzámos na
Avenida Julius Nyerere e saudávamo-nos com casual simpatia de vizinhos.
Imaginei muitas vezes os temores que o senhor deveria sentir, na sua
condição de perseguido pelo regime do apartheid. Imaginei os pesadelos
que atravessaram as suas noites ao pensar nas emboscadas que
congeminavam contra si e contra os seus companheiros de luta. Não me
recordo, porém, de o ter visto com guarda costas. Na verdade, éramos
nós, os moçambicanos, que servíamos de seu guarda costas. Durante anos,
demos-lhe mais do que um refúgio. Oferecemos-lhe uma casa e demos-lhe
segurança à custa da nossa própria segurança. É impossível que se tenha
esquecido desta generosidade...
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