A GUERRA: RACISMOS BONS,MAUS E ASSIM,ASSIM
A série televisiva A Guerra, de Joaquim Furtado, provocou a concordância de uns e a irritação de outros um pouco por todo o ladoNão concordo, nem de perto nem de longe, com muitas das opiniões. Como primeira reacção, farei um pequeno comentário.
Os discursos sobre a "missão civilizadora" de Portugal em África, ocultavam a verdadeira face da potência colonial
Desnudado o verbalismo farisaico dos seus teóricos em Portugal, logo se constata que o colonialismo é a exploração da terra africana e do trabalho africano, em beneficio dos colonialistas. Ele existe para explorar e reunir as riquezas africanas e transferi-las para a “mãe-pátria” seja ela Portugal ou a Inglaterra ou qualquer outra, porque todos eles foram chocados na mesma chocadeira
Em Portugal, segundo Marcelo Caetano, havia os cidadãos e os indígenas. Estes deviam ser dirigidos e enquadrados numa economia dirigida por brancos.
Campanhas de marketing bem dirigidas, sobre as características únicas dum colonialismo que se pretendia multi-racial, contribuía para o alimentar de ilusões da exploração colonial portuguesa.
E os outros colonialismos?
É inútil procurar classificar os colonialismos, se o racismo inglês foi mais ou menos virulento que o seu congénere português porque: “Uma sociedade é racista ou não é. Enquanto não se tiver apreendido esta evidência deixar-se-à de lado um grande número de problemas” (1)
Na Europa, o Negro, quer concreta quer simbolicamente, representa o lado mau da sociedade.
Colono e colonizado conheceram-se sob o signo da violência. A repressão feroz a que foi submetido o colonizado, determinou a essência do colonialismo.
A invasão e a ocupação de um território por uma potência estrangeira, com todo o seu cortejo de pilhagens, de repressão e destruição, é o traço definidor duma situação colonial.
Os colonizados foram arredados da sua própria história, deixaram de ser senhores dos seus próprios destinos. Colonizados territorial e culturalmente, foi como se tivessem hibernado no tempo da opressão colonial
O chibalo em Moçambique e o contratado em Angola eram duas faces do mesmo espírito colonialista
“Naquela roça grande tem café maduro
E aquele vermelho-cereja
São gotas do meu sangue feitas seiva
O café vai ser torrado
Pisado, torturado
Vai ficar negro, negro da cor do contratado” (4)
“O mundo colonizado é um mundo cortado ao meio. A linha divisória, a sua fronteira é indicada pelos quartéis e pelos postos administrativos e pela policia.
Nas colónias, o interlocutor válido e institucional do colonizado, o porta-voz do colono e do regime de opressão é o administrador e o policia “ (2)
“A cidade do colono é uma cidade sólida, toda ela de pedra e ferro. É uma cidade iluminada, asfaltada onde os caixotes do lixo transbordam sempre de restos desconhecidos, nunca vistos nem sonhados.
A cidade do colonizado é uma cidade agachada, uma cidade de joelhos, uma cidade espojada. É uma cidade de negros, uma cidade de pessoas sem presente “.(3)
Identificado com caderneta de indígena, viajando no banco detrás dos autocarros, sub- alimentado com farinha e peixe podre, interditado de aceder a lugares públicos o colonizado era, sempre foi, o inimigo público a abater.
(1) Frantz Fanon –Peles Negras,Máscaras Brancas
(2) e (3) Do mesmo autor – Os Condenados da Terra
Os discursos sobre a "missão civilizadora" de Portugal em África, ocultavam a verdadeira face da potência colonial
Desnudado o verbalismo farisaico dos seus teóricos em Portugal, logo se constata que o colonialismo é a exploração da terra africana e do trabalho africano, em beneficio dos colonialistas. Ele existe para explorar e reunir as riquezas africanas e transferi-las para a “mãe-pátria” seja ela Portugal ou a Inglaterra ou qualquer outra, porque todos eles foram chocados na mesma chocadeira
Em Portugal, segundo Marcelo Caetano, havia os cidadãos e os indígenas. Estes deviam ser dirigidos e enquadrados numa economia dirigida por brancos.
Campanhas de marketing bem dirigidas, sobre as características únicas dum colonialismo que se pretendia multi-racial, contribuía para o alimentar de ilusões da exploração colonial portuguesa.
E os outros colonialismos?
É inútil procurar classificar os colonialismos, se o racismo inglês foi mais ou menos virulento que o seu congénere português porque: “Uma sociedade é racista ou não é. Enquanto não se tiver apreendido esta evidência deixar-se-à de lado um grande número de problemas” (1)
Na Europa, o Negro, quer concreta quer simbolicamente, representa o lado mau da sociedade.
Colono e colonizado conheceram-se sob o signo da violência. A repressão feroz a que foi submetido o colonizado, determinou a essência do colonialismo.
A invasão e a ocupação de um território por uma potência estrangeira, com todo o seu cortejo de pilhagens, de repressão e destruição, é o traço definidor duma situação colonial.
Os colonizados foram arredados da sua própria história, deixaram de ser senhores dos seus próprios destinos. Colonizados territorial e culturalmente, foi como se tivessem hibernado no tempo da opressão colonial
O chibalo em Moçambique e o contratado em Angola eram duas faces do mesmo espírito colonialista
“Naquela roça grande tem café maduro
E aquele vermelho-cereja
São gotas do meu sangue feitas seiva
O café vai ser torrado
Pisado, torturado
Vai ficar negro, negro da cor do contratado” (4)
“O mundo colonizado é um mundo cortado ao meio. A linha divisória, a sua fronteira é indicada pelos quartéis e pelos postos administrativos e pela policia.
Nas colónias, o interlocutor válido e institucional do colonizado, o porta-voz do colono e do regime de opressão é o administrador e o policia “ (2)
“A cidade do colono é uma cidade sólida, toda ela de pedra e ferro. É uma cidade iluminada, asfaltada onde os caixotes do lixo transbordam sempre de restos desconhecidos, nunca vistos nem sonhados.
A cidade do colonizado é uma cidade agachada, uma cidade de joelhos, uma cidade espojada. É uma cidade de negros, uma cidade de pessoas sem presente “.(3)
Identificado com caderneta de indígena, viajando no banco detrás dos autocarros, sub- alimentado com farinha e peixe podre, interditado de aceder a lugares públicos o colonizado era, sempre foi, o inimigo público a abater.
(1) Frantz Fanon –Peles Negras,Máscaras Brancas
(2) e (3) Do mesmo autor – Os Condenados da Terra
(4) António Jacinto
8 comentários:
Quem fala assim...não é gago!
Parabéns
Conceição Dias
Quem lê estes trabalhos e reconhece neles algum mérito estará certamente no mesmo lado da barricada.
Obrigado pelo comentário
Agry
Belo texto. Abraço anticolonial.
Temos o dever de mostrar alguma coerência
Abraço
"Monagamba"
Adorei...mas dói.
Sem dúvida anA mas, averdade, é que não devemos enterrar a cabeça na areia. Não consegui ficar indiferente ao branqueamento da presença portuguesa em África.
Gosto do seu blog. Um abraço de Obed L. Khan
Obede, um abraço para si
Agry
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