Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

TERAPÊUTICA DA MEMÓRIA



Numa altura em que nos querem fazer crer que o fascismo nunca existiu, e que Salazar era apenas "autoritário", numa altura em que querem apagar os poucos vestígios físicos que ainda existem, convém relembrar que o seu braço mais sinistro, a PIDE-DGS, bem como outros braços armados do fascismo, perseguiram, torturaram e assassinaram muitos portugueses e patriotas africanos, e que os seus responsáveis e agentes nunca foram punidos nem sequer julgados. Para reavivar a memória, publicamos excertos de um texto da Comissão "Abril Revolucionário e Popular", o qual inclui uma lista de mortos pelo fascismo.
Nesta lista não estão mencionados os assassinados na Cadeia da Machava e no Forte do Ibo, em Moçambique. Nas masmorras de Angola e da Guiné e no resto do território do império colonial
A polícia política em Portugal teve vários nomes, mas a sua natureza e funções repressivas mantiveram-se as mesmas ao longo dos mais de quarenta anos de regime fascista.
Começou por designar-se de PVDE (Polícia de Vigilância e Defesa do Estado). Esta foi criada em 1933, sendo resultado da fusão entre as anteriores Polícia Internacional e Polícia de Defesa Política e Social.
A PIDE (Polícia Internacional de Defesa do Estado), nome pelo qual a polícia política é mais conhecida, surgiu em 1945, no contexto do final Segunda Guerra Mundial, como tentativa de transmitir uma imagem menos opressora.
Finalmente, em 1969, DGS (Direcção-Geral de Segurança) passa a ser a designação oficial, no quadro da política de reformas de Marcelo Caetano.
A polícia política era directamente tutelada pelo Ministro do Interior e tinha "dois poderes fundamentais sem qualquer controlo judicial: o poder de prender e os poderes de instrução processual. Estes últimos (...) quase soberanos, eximindo-se a qualquer fiscalização. (...) À polícia política cabiam ainda outras competências fundamentais. Destaquem-se o fornecimento de informações de natureza política às várias autoridades públicas; (...) a colaboração (eminentemente repressiva) com os serviços de censura às publicações; a violação da correspondência e as escutas telefónicas - meio frequente de "investigação". (Maria Conceição Ribeiro,1996)
A polícia política era constituída por uma rede alargada de agentes e informadores.
"A prisão sem culpa formada e sem julgamento, a provocação política, o espancamento, a tortura e o assassinato foram prática comum da polícia política portuguesa

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