Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

sábado, 12 de janeiro de 2008

O OVO DA SERPENTE


Anda por aí um cheirinho de fascismo. A frase, surpreendente, começa a entrar no circuito do comentário político e em afirmações, mais ou menos severas, do léxico comum. José Pacheco Pereira discorreu, levemente, acerca de; António Barreto foi-lhe na peugada e sugeriu que sim, mas que também; Zita Seabra, campeã de todas as liberdades, toca pela mesma pauta; e Vasco Pulido Valente usa um exaltado verbo para avisar os incautos: alto aí!
As apoquentações podem suscitar sorrisos condescendentes aos mais incrédulos. Porém, que a coisa é discutida, lá isso, é.
De facto, as liberdades tidas como tais, desde Abril de 1974, começam ser limitadas. Mas fomos nós que admitimos estes cercos. Em nome da "segurança" e da "estabilidade", da "paz pública" e da "tranquilidade das almas", velhos chavões das estratégias de poder da Direita, recuperados, numa reabilitação fantomática, pela "Esquerda moderna", inúmeros dos direitos conquistados foram espezinhados rudemente. Não há que fugir a isto.
Sabe-se: o fascismo possui diversas máscaras e dispõe de infinitas possibilidades de metamorfose. E há democracias, em todo o mundo, cuja musculatura, frieza, sobranceria e insensibilidade representam parentescos evidentes com o totalitarismo de Direita.
É o medo a origem de todas as inseguranças, de todos os pavores, de todas as submissões, de todas as cobardias, de todas as resignações, de todos os sofrimentos, de todas as angústias. O medo corrói-nos como homens. O medo constrói o fascismo. É o "Ovo da Serpente", como no inesquecível filme do imenso Ingmar Bergman. Pode renascer a cada momento.Confira aqui

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