OS HERÓIS DO REGIME
O alarido em torno da selecção nacional de futebol chega a ser indecoroso. No último domingo, então, o caso foi ameaçador: as três principais estações de televisão consagraram horas e horas à viagem dos futebolistas entre Viseu e Neuchâtel.
Gilberto Madaíl, esse homem fatal, sempre insaciado de banalidades, assertoou uma série de dislates, com o ar grave de quem vai influir nos destinos da Pátria. Scolari, místico, iluminado por todas as Imaculadas, às quais costuma rezar com transporte e fervor, declarou a sua eterna gratidão a um povo tão ligado àquele grupo de "heróis
Marcelo Rebelo de Sousa, professor de múltiplos interesses e ávidas curiosidades, pediu desculpa aos seus "amigos intelectuais", mas Portugal devia mais a Cristiano Ronaldo e a outros - do que não se sabe a quem, porque não esclareceu. Rojou-se aos pés dos seleccionados, ao mesmo tempo que ironizou das opiniões daqueles, manifestamente hostis ao empreendimento de imbecilização.
Esta ambição do aparato impede a mais módica posição crítica daqueles que, apreciando o jogo (o meu caso), não entram na peripécia irracional e não se intimidam com a algazarra. Acaso haveria razão para a euforia, se a selecção tivesse chegado ao fim do Euro como ganhadora.
Conhecemos, através das televisões, um povo verdadeiramente feliz, gritando, apopléctico, a responsabilidade cumprida de cidadania e civilidade. Um povo enérgico, expondo, como elevado título, a radiosa coragem de estar no desemprego, de ser imigrante por carência absoluta de trabalho e de esperança no País onde nasceu - e que cauciona, com júbilo, a desgraça como virtude.Confira aqui
Gilberto Madaíl, esse homem fatal, sempre insaciado de banalidades, assertoou uma série de dislates, com o ar grave de quem vai influir nos destinos da Pátria. Scolari, místico, iluminado por todas as Imaculadas, às quais costuma rezar com transporte e fervor, declarou a sua eterna gratidão a um povo tão ligado àquele grupo de "heróis
Marcelo Rebelo de Sousa, professor de múltiplos interesses e ávidas curiosidades, pediu desculpa aos seus "amigos intelectuais", mas Portugal devia mais a Cristiano Ronaldo e a outros - do que não se sabe a quem, porque não esclareceu. Rojou-se aos pés dos seleccionados, ao mesmo tempo que ironizou das opiniões daqueles, manifestamente hostis ao empreendimento de imbecilização.
Esta ambição do aparato impede a mais módica posição crítica daqueles que, apreciando o jogo (o meu caso), não entram na peripécia irracional e não se intimidam com a algazarra. Acaso haveria razão para a euforia, se a selecção tivesse chegado ao fim do Euro como ganhadora.
Conhecemos, através das televisões, um povo verdadeiramente feliz, gritando, apopléctico, a responsabilidade cumprida de cidadania e civilidade. Um povo enérgico, expondo, como elevado título, a radiosa coragem de estar no desemprego, de ser imigrante por carência absoluta de trabalho e de esperança no País onde nasceu - e que cauciona, com júbilo, a desgraça como virtude.Confira aqui
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