Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

sexta-feira, 13 de junho de 2008

QUÉNIA:CIVILIZAÇÃO OU BARBÁRIE

Cerca de 1.500 mortos e mais de 300 mil refugiados, guerra entre etnias, casas incendiadas, mulheres violentadas: era este o saldo, no final de Março, dos distúrbios que se seguiram às eleições presidenciais no Quénia, realizadas em Dezembro de 2007
O rastilho da violência: acusações de fraude eleitoral.
O Quénia é um dos países economicamente mais ricos da África, fundamental para toda a costa oriental do continente. Foi colónia da Inglaterra,. A organização como país é uma construção política decorrente da colonização, que usava também como arma a divisão de etnias aliadas e a união de rivais. Há, no país, mais de 50 tribos divididas entre sete etnias distintas.
A crise do Quénia "pôs a nu as tensões de classe que vinham emergindo, de modo disperso, há mais de cem anos", segundo o jornalista Oduor Ong'wen, membro do Fórum Social Africano.
A realidade do país fala por si: na capital Nairobi, dois terços dos habitantes ocupam apenas 8% da área da cidade, vivendo em favelas; mais de 63% da população urbana não têm acesso à água potável; dois em cada três quenianos sobrevivem com menos de um dólar por dia e grandes extensões de terra pertencem a alguns poucos, enquanto o número dos sem-tecto e dos sem-terra aumenta cada vez mais, também por conta da violência durante o processo eleitoral – no final de Abril, mais de 140 mil pessoas ainda viviam em tendas.
O Vale da Fenda, rica região agrícola do país, foi o epicentro dos conflitos. O vale é palco de disputas sobre a propriedade da terra desde a ocupação colonial.
Onde inscrever, entretanto, o fenómeno da rivalidade étnica? Qual a lógica que leva um ser humano com raízes em um determinado grupo étnico a voltar-se contra um ser humano de outro grupo étnico? Outra questão que vem à tona é a sempre presente violência sexual praticada em conflitos. Alguns homens – sim, machos da espécie humana – transformam o corpo em poderosa e violenta arma para subjugar o "inimigo", personificado nas mulheres do grupo rival.
A construção do mundo novo abrange mais do que a luta política. Mas é preciso actuar sempre nos dois campos. Enquanto estes problemas não forem superados, não haverá paz em África.Confira aqui

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